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Com a repercussão negativa, a ex-ministra Luislinda Valois desistiu de ir à Suíça em uma viagem que seria paga com dinheiro público

Imagem de arquivo mostra Luislinda Valois em sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. (Foto: ONU News/Reprodução)

A ex-ministra dos Direitos Humanos Luislinda Valois enviou carta nesta quarta-feira (21) à Casa Civil desistindo de viagem que faria neste sábado (24) para a Suíça. As informações são do jornal Folha de S.Paulo. Mesmo tendo sido exonerada do cargo na segunda-feira (19), o presidente Michel Temer a designou para representar o país na 37ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra.

Os custos seriam todos pagos pelos cofres públicos. Agora, o Ministério dos Direitos Humanos ainda não definiu se ainda enviará alguém para o encontro oficial.

Segundo a Folha de S.Paulo, Temer atendeu a pedido de Luislinda que, mesmo depois de ter sido exonerada, argumentou que deveria participar da viagem porque já estava em tratativas avançadas para a reunião. Com a repercussão negativa de sua presença no encontro durante esta quarta-feira (21), ela acabou recuando e abrindo mão do compromisso.

“Ela não vai à Suíça. Eu conversei pessoalmente com ela e ela disse que não queria ir”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

No início desta semana, o presidente aproveitou reestruturação na Esplanada dos Ministérios para demitir a ministra, após o envolvimento dela em uma série de polêmicas.

Temer avalia, com a criação do Ministério da Segurança Pública, rebaixar Direitos Humanos e transformá-lo novamente em uma secretaria nacional subordinada ao Ministério da Justiça.

Ele, contudo, ainda pondera os impactos da iniciativa junto a entidades da área e tem sido aconselhado por assessores e auxiliares presidenciais a mantê-la.

Com a saída de Luislinda, não há mais negros no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios e restou apenas uma mulher: a ministra-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Grace Mendonça.

No cargo, Luislinda causou mais de uma vez desconforto ao presidente. No ano passado, por exemplo, ela solicitou ao governo o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos R$ 300 mil.

O valor retroativo seria a soma da quantia que foi abatida pelo teto constitucional do acumulado do vencimento integral recebido por ela com a aposentadoria de desembargadora pela Bahia.

Segundo a íntegra do pedido, obtida pela Folha de S.Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação, ela alegava que o trabalho executado sem a correspondente contrapartida “se assemelha a trabalho escravo”.

Como não teve resposta, ela chegou a pedir que o processo fosse encaminhado à procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

No início do ano passado, a Folha de S.Paulo revelou também que a ministra afirmava ter sido condecorada com o título de “embaixadora da paz da ONU em 2012”.

As próprias Nações Unidas, contudo, dizem que o posto não existe. O prêmio, na verdade, foi dado por uma ONG fundada pelo líder religioso coreano Sun Myung Moon.

 

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