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Comissão de Ética da CBF suspende por mais 20 meses o presidente afastado da entidade

O paulista Rogério Caboclo, 48 anos, é alvo de denúncia por assédio moral. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Alvo de denúncia por assédio moral e já afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo foi novamente punido pela Comissão de Ética da entidade, desta vez com o prolongamento de sua suspensão por mais 20 meses. O dirigente paulista de 48 anos contesta todas as acusações.

A confirmação da medida ainda está condicionada ao sinal-verde pela Assembleia-Geral da CBF, composta por comandantes das 27 federações estaduais. Uma vez efetivada, a suspensão seria acrescida ao gancho imposto inicialmente, válido até março de 2023.

Se somadas, as duas punições superariam todo o período mandato de Rogério Caboclo, com fim previsto para abril de 2023. Neste caso, a CBF precisaria realizar uma eleição entre seus oito vices para determinar o responsável por presidir a entidade até o final do período.

Caboclo já está afastado em função de denúncias de assédio moral e sexual. Responsável por comandar a CBF de forma interina, Ednaldo Rodrigues esteve em Itaquera para acompanhar o jogo entre Brasil e Colômbia na última quinta e, nesta sexta, falou sobre o desligamento de Leonardo Gaciba.

Através de nota divulgada à imprensa, Rogério Caboclo contestou a nova punição e garantiu não ter cometido assédio moral. O dirigente entende que a decisão tomada pela Comissão de Ética é arbitrária e desproporcional e aponta vínculo dos integrantes do órgão com seu desafeto Marco Polo Del Nero.

Mensagem na íntegra

“O presidente da CBF, Rogério Caboclo, recebe sem surpresa mais uma decisão arbitrária e desproporcional proferida pela Comissão de Ética do Futebol Brasileiro. A nova punição sugerida pela comissão é mais uma peça do teatro armado dentro da confederação para retirar do cargo um presidente legitimamente eleito.

Caboclo não cometeu assédio moral contra quem quer que seja. As peças do processo são claras em demonstrar que não há provas das acusações parcas, superficiais e plantadas feitas pelo diretor em questão da confederação. O presidente da CBF, inclusive, tomará todas as medidas judiciais e extra-judiciais cabíveis contra ele.

A decisão de hoje foi tomada com base apenas nas afirmações do diretor e, pior, a Comissão julgou além e fora do pedido contido na peça inicial, o que é proibido por lei. Julgamento “ultra e extra petita”.

Em claro cerceamento de defesa impediu o presidente de ser ouvido na fase investigatória a despeito de ele ter apresentado atestado médico e em nenhum momento do processo admitiu ouvir suas testemunhas, ao contrário do que fez com as do diretor.

Não restam dúvidas que os membros do tribunal de exceção que julga Caboclo estão vinculados ao ex-presidente Marco Polo Del Nero, afastado do futebol, articulador do golpe que visa tomar de assalto o poder da entidade. Todos os integrantes mantêm laços com o ex-dirigente, defenestrado do futebol após graves e comprovadas acusações de corrupção.

O julgamento de hoje foi presidido por Carlos Renato de Azevedo Ferreira, amigo de Del Nero há mais de quatro décadas. Não é demais lembrar que Carlos Renato Ferreira, em decisão recente contra Caboclo, citou filósofo para dizer que havia recusado convites de Caboclo para jogos da Seleção Brasileira por considerar que era um cuidado necessário a alguém que precisava manter a imparcialidade de julgador.

Mais tarde, ficou provado com mensagens enviadas por ele para o presidente da confederação que Ferreira não só aceitou convites como pediu ingressos para sua filha.

Ferreira também ofereceu serviços de advocacia à CBF meses antes da denúncia contra Caboclo, mesmo ciente que isso é proibido pelo estatuto e pelo código de ética. O presidente da entidade não firmou contrato com o presidente da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, que é juiz aposentado e atualmente integra o escritório Ward Advogados.

Além disso, recebe polpudo salário mensal e, anualmente, farto material esportivo da entidade para si e seus familiares. Nada mais distante do seu discurso original de independência.

Rogério Caboclo, durante seu mandato na CBF, modernizou e saneou a entidade, aumentou as receitas em 60% comparada com a média dos cinco anos anteriores. Incluiu a entidade entre as 700 maiores empresas do país e a colocou entre as 18 maiores em índice de liquidez corrente.

Por tratar as finanças da confederação com transparência e austeridade, contrariou muitos interesses. O resultado dessa postura séria e honesta de Caboclo é ser alvo de uma ofensiva de pessoas que não se conformam em perder as vantagens que tinham no passado.

Registre-se que a situação jurídica de Rogério Caboclo, na prática, em nada mudou, pois, o presidente terá a sua disposição o crivo da Assembleia-Geral da entidade e irá interpor todos os recursos cabíveis a partir do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA) a fim de desfazer esta triste e patética decisão que mais uma vez mancha a história do futebol brasileiro”.

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