Os dados mais recentes do IBGE sobre casais que se divorciam, de 2017, mostram que 46% deles têm pelo menos um filho menor de idade. Se a separação é uma situação difícil de lidar sendo adulto, imagina para uma criança. Qual é a melhor maneira de explicar para um filho que os pais não vão mais morar juntos?
“O melhor momento para contar sobre o divórcio é quando o casal de fato tenha internalizado, em ambos, o fim da relação conjugal para que não haja mensagens dúbias e idas e vindas”, afirma Adriana Cabana, psicóloga do Grupo Prontobaby.
O divórcio dos pais pode gerar um misto de sentimentos na criança com o qual ela provavelmente não saberá lidar. Por isso, os adultos devem ter paciência com os filhos.
“A notícia da separação pode gerar medo, dúvidas, sentimento de culpa e principalmente o luto. Ansiedade é o que mais se vê nessas situações porque a criança não tem capacidade neuronal de projetar o futuro logo que ela sabe desta notícia”, explica Tânia Mello, psicóloga da Clinipae.
A maneira como os pais vão lidar com o divórcio pode aumentar ou amenizar os sentimentos ruins nas crianças.
“Posicioná-los sobre a separação de forma clara, sincera e verdadeira, transparecendo tranquilidade e segurança, faz com que a criança identifique tais sentimentos e apazigue sua angústia por meio do acolhimento”, afirma a psicóloga Aline Cristina de Melo, do Grupo São Cristóvão Saúde.
O divórcio dos pais pode gerar reflexos no desempenho escolar do filho, independentemente da idade dele. Por isso, o ex-casal deve ficar atento: ao perceber qualquer mudança drástica de comportamento, é preciso agir.
“É aconselhável buscar ajuda psicológica para receber orientação de como enfrentar a instabilidade”, recomenda Ludmila Schulz, coordenadora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Celso Lisboa.
Linguagem correta
Na hora de se comunicar sobre a separação, leve em consideração a idade de seu filho: adapte a linguagem e explique os motivos de uma maneira que ele vai entender. Dependendo do que levou o relacionamento ao fim, não é preciso dar muitos detalhes.
Tenha paciência
É normal que a criança e o adolescente não reajam bem à separação dos pais. Neste momento, é preciso ter muita paciência. Apesar de você estar sofrendo, esta é uma decisão sua e de seu ex-cônjuge. Já o filho de vocês está enfrentando uma situação que ele não escolheu.
Demonstre amor
Normalmente as crianças acham que não serão mais amadas pelos pais após a separação, porque não haverá mais aquele núcleo familiar reunido. Sempre que possível, demonstre amor por meio de carinhos, passeios, de tempo juntos.
Tire a possibilidade de culpa
Muitas das vezes, as crianças e os adolescentes acham que têm alguma parcela de culpa no divórcio dos pais. É muito importante que os pais deixem claro que a separação foi uma decisão tomada pelos dois e que isto não é culpa dos filhos.
Tenha uma relação saudável com o/a ex
Por mais difícil que seja, é preciso ter uma relação minimamente respeitosa com o/a ex, pelo bem do filho de vocês. Pais que brigam constantemente mesmo depois de divorciados deixam os filhos ainda mais inseguros neste processo.
Estabeleça uma rotina
Quando a rotina da criança ou do adolescente envolvia os dois pais (como, por exemplo, um era responsável por levar para a escola e outro por buscar), é preciso que uma nova rotina seja estabelecida o mais rápido possível para que o filho não fique perdido.
Esteja aberto ao diálogo
Dúvidas vão surgir durante todo o processo de divórcio e depois dele também. Nem sempre você terá respostas para tudo, mas não fique com medo. Coloque-se à disposição de seu filho para conversar sempre que ele precisar.

