Com o uso da inteligência artificial, foram detectados dois novos exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar), anunciou em entrevista coletiva na quinta-feira (14) a agência espacial americana Nasa. Para chegar a esse resultado, foram usados dados do Kepler, um telescópio espacial que já produziu imagens de cerca de 200 mil estrelas à procura de novos planetas em torno delas. Isso gerou uma base de dados com 14 bilhões de pontos, que se traduzem em cerca de 2 quadrilhões de possíveis órbitas de exoplanetas que precisam ser analisadas para confirmação.
É uma grande quantidade de informação mesmo para os computadores mais modernos. Uma parceria do Google com a Nasa foi firmada para tentar ajudar a resolver isso. Um conjunto de 15 mil sinais do Kepler foi cruzado usado para criar um modelo de computador capaz de distinguir o que de fato podem ser planetas — e não manchas nas estrelas ou sistemas com duas estrelas.
Após ver que o modelo acertava em 96% das situações, a equipe resolveu mudar a atenção para 670 estrelas das quais já se sabia que tinham planetas ao seu redor. Assim, foram encontrados os dois exoplanetas até então desconhecidos: Kepler 80g e Kepler 90i.
Kepler 90i
O Kepler 90i é o oitavo planeta na órbita da estrela Kepler 90, parecida com o Sol, de acordo com a Nasa. Este é, portanto, o primeiro sistema fora do nosso com a mesma quantidade de planetas já descoberto. O 90i é rochoso e com uma órbita de 14,4 dias. Ele é 30% maior que a Terra e está muito mais perto do Kepler 90, o “Sol” do seu sistema. Por isso, a temperatura por lá pode passar dos 420ºC.
“O sistema da estrela Kepler 90 é uma mini versão do nosso sistema solar. Você tem planetas pequenos mais perto e maiores na parte de fora”, disse Andrew Vanderburg, um dos pesquisadores que ajudaram a idealizar a parceria com o Google.
O outro planeta descoberto, o Kepler 80g, faz parte de outro sistema, o Kepler-80. Ele é o sexto a fazer parte do conjunto e tem um tamanho similar ao da Terra.
Condições de habitabilidade
A Nasa criou um novo processo para ser aplicado ao se avaliar as condições de habitabilidade de um exoplaneta. Nas palavras de Yuka Fujii, do GISS (Goddard Institute for Space Studies), “usando um modelo que simula com mais realismo as condições atmosféricas, nós descobrimos um novo processo que controla a habitabilidade de exoplanetas e nos guiará na identificação para estudos futuros”. As informações são do portal Canaltech.
O estudo, que foi publicado no periódico científico The Astrophysical Journal na semana passada, usou um modelo que calcula condições em três dimensões, permitindo que a equipe simule a circulação da atmosfera e suas características de maneira que, até então, não era possível nos modelos anteriores, que simulavam essas condições somente na dimensão vertical.
Para suspeitar que um exoplaneta (ou seja, aqueles fora do Sistema Solar) seja capaz de abrigar algum tipo de vida como a conhecemos, é preciso haver água no estado líquido. E, para tal, o planeta deve estar situado na chamada zona habitável de seu sistema estelar – não muito perto, nem muito longe de sua estrela. Sendo assim, a água permanece em estado líquido por tempo suficiente para que a vida possa se desenvolver e prosperar. Quando perto demais de seu sol, ela se evapora e é enviada em direção ao espaço, sendo que, na estratosfera, o vapor de água é quebrado em seus componentes elementares (hidrogênio e oxigênio). Isso é chamado de “estado úmido de estufa”.