No fim de semana em que comemora seus 75 anos, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) apresenta neste sábado (22) e domingo um concerto especial com repertório inspirado nas culturas gaúcha e brasileira. Participam o Coro Sinfônico da instituição e o grupo de percussão Martelo. Ambas as apresentações têm início às 17h – a segunda pode ser acompanhada gratuitamento no site youtube.com.
Os ingressos estão à venda na plataforma sympla.com.br, com valores de R$ 10 a R$ 50 (o estacionamento é gratuito). Uma hora antes do espetáculo, o público pode conferir a palestra “Notas de Concerto”, com o músico timpanista Douglas Gutjahr detalhando aspecto das obras selecionadas.
Fundação vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac) do Rio Grande do Sul, a Ospa tem sua sede localizada junto ao Centro Administrativo do Estado. Endereço: avenida Borges de Medeiros nº 1.501 (Centro Histórico/Praia de Belas). Na internet: ospa.rs.gov.br.
Presença inédita
O concerto Ospa 75 Anos começa com “Raízes – Concerto para Quarteto de Percussão e Orquestra”, da carioca Clarice Assad. Dedicada ao grupo Martelo, a música é uma celebração da cultura e da comunidade brasileira em sua diversidade, apresentando sons vibrantes inspirados em diversas regiões e em referências do passado e presente.
“A peça celebra o percurso da cultura brasileira desde as suas origens africanas, passando pelas tradições indígenas e influências europeias”, explica a musicista e compositora de 47 anos.
A participação do grupo marca a primeira vez que a Ospa convida um grupo de percussão para atuar como solista. Unindo suas diferentes origens e formações, o quarteto trabalha na fronteira entre a sonoridade popular e a música de concerto, com influência de ritmos brasileiros e latinos. Na apresentação, o grupo será formado por Danilo Valle, Leonardo Gorosito, Rubén Zúñiga e Camila Cardoso.
“Salamanca do Jarau”
Depois de um intervalo, a orquestra voltará ao palco com “A Salamanca do Jarau”. A música de 1935 é inspirada no conto de mesmo nome escrito por João Simões Lopes Neto e publicado em 1913 no livro “Lendas do Sul”.
Baseada em uma lenda popular, a história conta como o trabalhador campeiro Blau Nunes quebra a maldição que envolve um sacerdote e a Teiniaguá, uma princesa moura transformada em uma lagartixa. A obra musical é dividida em nove partes, com uma introdução seguida por sete movimentos que descrevem as provas fantásticas enfrentadas pelo gaúcho Blau Nunes.
Escolhida para o concerto comemorativo, a obra faz parte da história da Ospa, tendo sido executada sob a regência do maestro Pablo Komlós em 1956, 1957, 1963 e 1972. Anos depois, teve regência de David Machado e de Arlindo Teixeira. Foi apresentada com balé coreografado por Eva Schul em 2002, sob a batuta de Ion Bressan. Em 2008, teve a regência de Manfredo Schmiedt, que volta ao palco para a nova interpretação e o registro fonográfico que a obra ganha em 2025.
“Maracatu de Chico-Rei”
A interpretação de “Maracatu de Chico-Rei” (1933), composição do paulista Francisco Mignone (1897-1986), finaliza o concerto. Também um bailado, a obra se baseia na lenda de Chico-Rei, um rei africano escravizado e enviado para o trabalho no garimpo de ouro em Minas Gerais. Depois de comprar sua alforria, ele liberta seus companheiros e forma a Confraria do Rosário, que constrói a famosa Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto.
“‘Maracatu do Chico-Rei’ é um tributo sonoro à herança afro-brasileira e um convite à valorização da diversidade que compõe a identidade cultural do Brasil”, comenta Schmiedt. A obra conta ainda com a participação do Coro Sinfônico da Ospa, que estará presente com 72 vozes.
(Marcello Campos)
