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A condenação moral dos bons

(Foto: Reprodução)

Existe um movimento no mínimo curioso no Brasil. Há uma classe de pessoas que condena qualquer tipo de virtude a partir do próprio esforço, mérito ou até mesmo sorte de um indivíduo ou grupo de indivíduos. Condena-se justamente aqueles que criam, empregam e distribuem. Aqueles que entregam muito à sociedade e nada pedem em troca, senão o preço justo pelo seu produto final. Aqueles que não precisam bradar aos quatro ventos suas intenções, pois seus resultados falam por si. Condena-se justamente os bons, sob a acusação de egoísmo. Ora, se todos somos egoístas por natureza em nossos objetivos, por que condenar aqueles que seguem seus próprios sonhos e, como consequência, geram incrível valor a todos influenciados direta ou indiretamente por esses sonhos?

Há um grupo de pessoas, em geral donos de empresas de proporções babilônicas, que escolheram um caminho nada virtuoso em prol do seu negócio. Intitulam-se capitalistas, mas na verdade são corporativistas que sobrevivem do aparato estatal para fazer o negócio crescer numa escala praticamente impossível sem o privilégio da amizade com políticos. Tais pessoas – que formam a esmagadora minoria dos empresários do país – puseram uma roupagem de “lobo-mau” em todo e qualquer empreendedor desse pago. É incrível como um herói – termo mais do que adequado a qualquer empreendedor no Brasil – pode ser tratado a partir de terminações completamente descabidas como “fascista”, “burguês”, “coxinha”, “golpista”, entre outras alcunhas carinhosas. Me causa tremendo espanto que muitas pessoas de fato acreditem nisso, principalmente porque elas próprias são empreendedoras ou têm alguma ligação direta com algum empreendedor. Cunham-se todos capitalistas, enquanto busca-se atingir apenas o seleto grupo dos amigos dos reis e das rainhas.

A culpa desse movimento talvez passe não pelos acusadores que bradam que não existe virtude nos empresários, mas sim pelos próprios empresários de bem. É extremamente difícil encontrar ser mais resiliente que o empreendedor, especialmente quando as condições para empreender são extremamente adversas. É, talvez, por culpa dessa resiliência que nos encontramos em tal ponto. Todo herói empreendedor no Brasil acaba por baixar a cabeça frente às falsas acusações, por saber que o seu trabalho tem muito mais valor e virtude que meras palavras, muitas vezes pagas, jogadas aleatoriamente a esmo. É justamente por dar incrível valor à sua atividade que o empreendedor se torna inabalável frente a pequenas falácias. Porém, tais pequenas falácias vêm há muito sendo bradadas sem resposta à altura, senão a continuidade da geração de valor à sociedade, a partir de objetivos individuais.

Não podemos continuar a aceitar que as falácias mais rasas continuem ocupando espaços. Os bons não podem sofrer uma condenação moral conduzida pelos parasitas, como bem retrata a filósofa Ayn Rand em muitas de suas obras. O simples ato de falar algo “do bem” não torna nenhuma pessoa de fato “do bem”. É chegada a hora de não mais aceitarmos meras palavras bonitas daqueles que fingem virtude para uma plateia, sem de fato gerar valor substancial à si e/ou aos outros.

Felipe Morandi

Empresário e Associado do IEE  

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