Todos passamos por tal momento, admita: ao conferirmos nossos próprios perfis no Facebook, vemos, na seção de amigos, à esquerda, aquele colega da escola ou de um antigo trabalho com quem não falamos há décadas. Enquanto tentamos recordar momentos marcantes com aquela pessoa, nos perguntamos: por que esse cara de chapéu e sobrenome Guarani-Kaiowá está do lado dos meus melhores amigos?
A reação comum é concluir que as pessoas que aparecem ali, em destaque, estão nos vigiando. Mas será mesmo? Como o Facebook ranqueia e ordena nossos amigos é um mistério perturbador. Muitos de nós não temos o hábito de quantificar e organizar as pessoas em nossas vidas e, bem, um misterioso algoritmo faz isso por nós. Está além de nosso controle.
“Quem está ‘stalkeando’ quem” é uma das informações mais privadas e sigilosas que o Facebook tem em mãos. Há uma espécie de pressentimento na consciência coletiva das redes sociais que diz que, se alguém com quem você mal interagiu aparece lá em cima na sua lista de amigos, trata-se de seu “stalker” (sigla inglesa para “perseguidor”), o que significa, por sua vez, que o alvo do seu “stalkeamento” pode muito bem ver você em primeiro lugar no perfil dele ou dela.
Acredite, tem muita gente preocupada se a tal ordem dos quadradinhos de amigos pode dar sinais de relacionamento unilateral, extraconjugal ou algo significativo. Mas quaisquer detalhes a respeito dos algoritmos do Facebook são confidenciais. No entanto, existem algumas coisinhas que sabemos sobre os fatores que compõem o ordenamento de nossas listas de amigos – e outras informações que podemos obter ao prestar atenção aos sinais.
Há alguns locais na plataforma em que o Facebook indica quem são seus melhores amigos. Se você clicar em “Amigos” no seu perfil, o site listará todos na sua rede e, mais próximo ao topo, estarão as pessoas com quem você interage. Uma amostra rotativa de nove desses amigos aparece na barra lateral esquerda ao observar seu próprio perfil. Outro grupo de nomes é selecionado para o chat na barra lateral direita e certos nomes são preenchidos automaticamente quando se coloca o cursor na barra de pesquisa.
Como você provavelmente percebeu, o Facebook introduziu, há pouco, listas de amigos que organizam sua rede em categorias. Algumas listas são geradas de modo automático, com base em trabalho ou cidades em que você morou.
A lista de “amigos próximos” é definida pelo usuário, mas o Facebook sugere quem colocar ali. É uma sensação estranha, convenhamos. Há uma força sem rosto que diz quem são as pessoas importantes da sua vida. De acordo com o Facebook, esse grupo de amigos relevantes deveria servir como uma espécie de alerta útil para o usuário.
Algoritmos de ordenação de amigos também levam em consideração o quanto você “interage” com certas pessoas bem como com que frequência e quão recentemente. Então aquele conhecido da escola qualquer que tem aparecido ali pode muito bem ser o algoritmo lhe dando um toque que é hora de mandar uma mensagem para alguém que você tem adicionado há um bom tempo.
Por outro lado, também pode mostrar pessoas recém-adicionadas para dar uma forçadinha na amizade, mesmo que não tenham interagido ainda. A fórmula ainda confere peso extra para quem postou coisas recentemente, afirma a empresa. E tem vezes que é tudo aleatório mesmo, segundo o próprio Facebook.
Os algoritmos do Facebook estão em constante evolução – afinal, é o molho secreto da empresa, e seus ingredientes são alterados continuamente para promover engajamento e novas características. A fórmula atual se vale de aprendizagem de máquina e leva em consideração milhares de dados para determinar a proximidade social das pessoas.