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Conheça a nova nave que chegará ao planeta Marte

ExoMars 2016 foi criada para testar os procedimentos da missão de 2020. (Foto: Reprodução)

Anote aí, dia 9 de outubro, mais uma nave chega a Marte. Dessa vez, trata-se de uma iniciativa da Esa (agência espacial europeia), e da Roscosmos (agência espacial russa). Depois de um hiato de mais de 20 anos, a Rússia até que tentou uma missão ambiciosa para estudar Marte, fazendo pousar uma sonda em Fobos, uma das luas do planeta, para coletar uma amostra do solo e depois trazê-la de volta à Terra.

Infelizmente a missão falhou. Depois de um lançamento bem-sucedido, a sonda não conseguiu sair da órbita da Terra e, depois de um mês, caiu no Oceano Pacífico, segundo fontes oficiais. O fato é que depois desse evento, a Rússia se associou à Esa e ambas planejaram um programa ambicioso de pesquisa de Marte, a ExoMars, com missões em 2016 e 2020.

O programa se constitui em fazer pousar um jipe europeu e uma plataforma russa. A plataforma, além de abrigar o jipe durante a descida até a superfície, será uma verdadeira estação científica. Terá, entre outros instrumentos, um sismógrafo para medir terremotos em Marte, uma estação meteorológica, um sensor de campo magnético e uma batelada de câmeras. Depois do pouso, a plataforma vai liberar o jipe e ele vai vagar pela superfície com a missão específica de procurar por indicativos de vida marciana. Para isso, ele terá uma broca capaz de perfurar a superfície até uma profundidade de 2 metros para recolher amostras.

Depois, elas serão analisadas em um verdadeiro laboratório de físico-química à procura de compostos orgânicos biomarcadores, ou seja, compostos que são resquícios de atividade biológica. A ideia é que amostras do subsolo estão preservadas da intensa radiação ultravioleta que calcina a superfície marciana, já que o planeta não tem uma camada de ozônio, como a Terra. Aliás, o local escolhido para o pouso é uma região que reúne algumas condições para que tenha havido vida no passado, entre elas: precisa ser antiga – mais do que 3,6 bilhões de anos de idade – e ter evidências de ter sido uma região com água em abundância.

Para quem está acostumado com as missões da Nasa, a ExoMars 2020 parece só mais uma missão a Marte, mas a coisa é mais complicada que isso. A Esa não tem a experiência da Nasa para esse tipo de coisa. Além disso, não detém tecnologia para usar geradores atômicos para fornecer energia ao jipe.

Marte recebe muito menos luz solar, de modo que haverá pouca disponibilidade de energia para os instrumentos, ao passo que dois dos desafios são desenvolver painéis mais eficientes, bem como instrumentos mais econômicos. Mas, mais crítico do que isso, será o pouso da plataforma com o jipe.

A sonda deve começar a sua descida a 20 mil quilômetros por hora e entrar na atmosfera marciana protegida por um escudo térmico. Ela deve desacelerar, mas não o suficiente para o pouso e, então, dois paraquedas devem ser acionados em sequência, mas nem isso deve ser o suficiente. Nessa fase, um radar vai escanear o chão à procura de rochas ou crateras que possam estragar o pouso e nos estágios finais um retrofoguete será disparado para reduzir a velocidade de queda. Finalmente, pernas articuladas vão se esticar da plataforma para garantir o pouso.

Para ganhar experiência, a Esa bolou a ExoMars 2016, uma missão para testar os procedimentos da missão de 2020. A missão atual não tem um jipe, mas tem um módulo de pouso, chamado Schiaparelli, que vai executar as manobras de entrada na atmosfera e o pouso suave. Depois, a Schiaparelli vai permanecer estudando as condições meteorológicas do local do pouso além de tomar medidas do campo elétrico e da quantidade de partículas de poeira na superfície, até que suas baterias se esgotem depois de cinco dias.

Além da Schiaparelli, a missão 2016 vai colocar um módulo orbitador que, a 400 quilômetros de altura, vai estudar a atmosfera marciana e servir de ponte de comunicação entre a Schiaparelli e a Terra. O orbitador vai ficar operando até que a missão de 2020 aconteça.

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