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Conheça a trajetória do presidente eleito Jair Bolsonaro, que governará o Brasil pelos próximos quatro anos

Carreira política começou no final da década de 1980, como vereador no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução)

Com pouco tempo no horário gratuito de rádio e TV, candidato por um partido nanico (PSL) e vítima de uma facada durante ato de campanha. Nenhuma dessas adversidades foi capaz de impedir Jair Bolsonaro (PSL) de se eleger, aos 63 anos, o trigésimo-oitavo presidente da República na história do Brasil e o terceiro candidato de origem militar a ser escolhido pelo voto popular.

Ainda na vigência de seu sétimo mandato consecutivo como deputado federal, o presidenciável bateu Fernando Haddad (PT) no segundo turno, nesse domingo, por uma margem de 55,1% dos votos (99,95% das urnas apuradas). O resultado quebrou uma hegemonia de vitórias do PT e PSDB para o Palácio do Planalto desde 1994.

Nascido no dia 21 de março de 1955 na cidade de Glicério (SP) e registrado em Campinas (SP), Bolsonaro é um dos sete filhos de Olinda Bonturi e Percy Geraldo Bolsonaro. O nome de batismo Jair é uma homenagem ao jogador Jair da Rosa Pinto, meia que atuou pelo Palmeiras e pela seleção brasileira nos anos 50.

Ele ingressou na carreira militar ao passar no concurso da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ), com 19 anos em 1974. Depois da formação como oficial, Bolsonaro fez o curso de paraquedismo militar e deixou a Academia.

De lá, foi para o Rio de Janeiro, onde fez o curso de formação em educação física do Exército e participou do 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, entre 1983 e 1986, ano em que o então capitão protestou contra o valor dos salários dos cadetes da Aman em um artigo na revista “Veja”. A publicação do artigo levou o militar à prisão por 15 dias, porque teria infringido o regulamento disciplinar.

Com o protesto, Bolsonaro ganhou simpatia das esposas dos oficiais e do baixo clero do Exército. Já em 1987, o capitão se viu encurralado depois que a mesma revista Veja divulgou um suposto plano em que o militar e um colega planejavam explodir bombas em unidades militares.

Bolsonaro e Fábio Passos faziam parte da Esao (Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais) e tinham divergências com o comando do Exército. Quando a revista publicou a matéria, com o título de “Pôr bomba nos quartéis, um plano na ESAO”, no dia 25 de outubro de 1987, os militares foram convocados a dar explicações, mas negaram participar do plano, assim como o contato com a revista.

Na edição seguinte, a revista publicou uma reportagem que mostrava um suposto desenho de onde as bombas seriam detonadas. Os croquis teriam sido desenhados por Bolsonaro. Depois dessa matéria, foi aberta uma sindicância na Escola, que se desenrolou em um Conselho de Justificação e em julgamento no Superior Tribunal Militar.

Depois de meses de investigação, Bolsonaro saiu inocentado. Não estava claro, mesmo depois de quatro exames grafotécnicos, que os desenhos eram do punho do militar. Dois exames indicaram que era impossível determinar a autoria e outros dois confirmaram como do punho de Bolsonaro.

Entrada na política

Já era junho de 1988 quando o militar foi considerado inocente por oito ministros que acompanharam o relator, dentro de um colegiado de 13. Seis meses depois, o capitão foi para a reserva e se elegeu como vereador do Rio de Janeiro, pelo PDC (Partido Democrata Cristão) com 11.062 votos. Na época, o político buscava representar as causas das famílias de militares.

Depois de Fernando Collor ser eleito na eleição de 1989, a primeira presidencial com voto direto depois da ditadura militar, os eleitores voltaram às urnas em 1990 para escolher os parlamentares e governadores. Entre os 514 deputados, Jair Bolsonaro foi eleito, ainda pelo PDC, com 67.041 votos.

Durante o processo de impeachment de Fernando Collor, em 1992, Bolsonaro votou contra o presidente, assim como 441 deputados. No ano seguinte, trocou pela primeira vez de partido, uma prática que se tornaria comum em sua carreira política. O capitão reformado foi para o Partido Progressista Reformador (PPR), que era uma fusão do PDC e do Partido Democrático Social (PDS).

Nas eleições de 2018, Bolsonaro foi o candidato que mais trocou de partido: atualmente, está na nona sigla diferente (PDC, 1989-1993; PP, 1993; PPR, 1993-1995; PPB, 1995-2003; PTB, 2003-2005; PFL, 2005; PP, 2005-2016; PSC, 2016-2018; PSL, 2018-). Impulsionado pela popularidade do presidente eleito, o atual partido saiu de oito para 52 deputados federais e já é considerado ser uma das principais forças do Congresso Nacional na próxima legislatura.

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