Se o Grêmio vencer a edição deste ano da Copa Libertadores da América, chegando ao tri, poderá cruzar com o Real Madrid no Mundial de Clubes da Fifa (a federação internacional de futebol). Mas a conquista do tri da América passa, obrigatoriamente, por mais quatro jogos. Os dois próximos, pelas semifinais da competição continental (nos dias 25 de outubro e 1º de novembro, na Arena), terão como adversário o Barcelona: não o time europeu, mas o seu “primo pobre” de Guayaquil, maior cidade do Equador.
Mas, afinal, quem é este clube que escancara no seu nome e até mesmo em seu emblema a inspiração no gigante espanhol? Para começo de conversa, trata-se do clube mais popular de seu país, com 43% da preferência. Fundado em 1925 como Barcelona Sporting Club por um grupo de jovens espanhóis torcedores do original catalão. Desde que ingressou na Primeira Divisão, em 1957, conquistou 15 taças campeonatos equatorianos, tornando-se o maior “papão” do certame.
O seu retrospecto na história da Libertadores é positivo. Segundo clube equatoriano com mais participações em Libertadores (24, duas a menos que o Emelec) desde 1961, ele tem dois vice-campeonatos: 1990 contra o Olímpia (Paraguai) e 1998 contra o Vasco. Na edição deste ano, no entanto, a equipe do técnico Uruguaio Guillermo Almada (há dois anos no cargo e que levou o clube ao título nacional do ano passado) tem feito uma campanha surpreendente, apesar da irregularidade nas primeiras rodadas.
Na fase de grupos, a arrancada foi boa mas logo deu lugar aos tropeços. Diante do Atlético Nacional de Medelín (Colômbia), atual campeão, venceu em casa por 1 a 0, mas perdeu o jogo de volta por 3 a 1. Contra o Estudiantes (Argentina), impôs 2 a 0 em La Plata, mas levou 3 a 0 de troco no segundo confronto. O Botafogo, por sua vez, foi um oponente menos reativo: 1 a 1 no Rio de Janeiro e 2 a 0 para os donos da casa no Equador.
Classificado em segundo lugar no Grupo 1, o Barcelona latino enfrentou nas oitavas-de-final o Palmeiras do técnico Cuca, em um mata-mata marcado pelo equilíbrio de forças para quem deteve o mando de campo: 1 a 0 em Guayaquil e o mesmo placar em São Paulo. A classificação veio de forma dramática, ao superar o alviverde paulistano (atual campeão brasileiro) nos pênaltis, por 5 a 4.
Nas quartas-de-final, foi a vez de encarar o Santos. Jogando dentro de seu país no primeiro duelo, os equatorianos não conseguiram impor o fator local, mas escaparam de uma derrota ao igualar o placar em 1 a 1 aos 33 minuto do segundo tempo. A partida de volta, na Vila Belmiro, dava ao Peixe a possibilidade de avançar à fase seguinte com um empate sem gols, mas os visitantes sepultaram as pretensões do time de Levir Culpi estufando as redes aos 22 minutos da etapa complementar.
Desafios
O próximo adversário gremista conta com jogadores com os quais o time de Renato Portaluppi deve manter atenção redobrada, a exemplo de Jonatan Alves, artilheiro do time na competição, com cinco gols (incluindo o cabeceio mortal que eliminou o Santos), mesmo desempenho do tricolor Luan na competição. O atacante, no entanto, está de fora do primeiro jogo (em casa), pois foi expulso na quarta-feira, assim como o volante Gabriel Marques. Trata-se, aliás, de uma equipe que raramente encerra uma partida com menos de um cartão amarelo. Só na quarta-feira foram três.
Dos 14 atletas que vestiram a camisa do Barcelona equatoriano no segundo jogo das quartas-de-final, nove são nascidos no país. As exceções ficam por conta do volante Gabriel Marques, brasileiro naturalizado equatoriano e dos argentinos Matías Oyola, Damián Diaz (que atuam no meio campo), Marcos Caicedo e Jonatan Alves (atacantes). Ao menos cinco integrantes do elenco atual têm sido convocados para os compromissos da Seleção de seu país nas Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2018: o goleiro Máximo Banguera, os zagueiros Darío Aimar e Pedro Velazco, mais os já citados Oyola e Caicedo.
Outro desafio para o Grêmio nas semifinais é a viagem até Guayaquil. Não há voos diretos do Brasil para a cidade equatoriana, distante 4,2 mil quilômetros de Porto Alegre, o que exige a realização de escala (geralmente na Bolívia) e costuma tornar a viagem cansativa. Além disso, o estádio Monumental Isidro Romero Carbo, com capacidade para 57 mil pessoas, costuma se transformar em um “caldeirão” – de qualquer forma, até agora isso não parecer ter ajudado de forma significativa os donos da casa, que em cinco jogos como mandante nesta edição da Libertadores só ganhou duas vezes (Atlético Nacional de Medelín e Palmeiras).