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Conselho de Engenharia alerta: em 2015 mais de 60% dos prédios da rua dos Andradas estavam com laudos de marquise vencidos

Estrutura desabou sobre mãe e filha. (Foto: Jackson Ciceri/ O Sul)

O presidente do CREA-RS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul), engenheiro civil Melvis Barrios Junior, informou que uma pesquisa do conselho, em 2015, apontou que mais de 60% dos prédios localizados na rua dos Andradas (Rua da Praia), no Centro de Porto Alegre, estavam com laudos de marquise vencidos. Nesta quinta-feira (21), uma marquise caiu sobre mãe e filha, matando a última.

Barrios Junior explica que esse documento, que aponta as condições das estruturas, deve ser renovado de três em três anos conforme legislação municipal. Preocupados com o resultado da amostragem, o engenheiro, disse que o CREA-RS propôs à prefeitura de Porto Alegre auxiliar na fiscalização. “Sabemos da falta de fiscais da prefeitura, por isso propomos auxiliar, sem ônus, na fiscalização, porém, a proposta não foi adiante”.

O incidente de hoje, será analisado pelo CREA-RS. O conselho vai instaurar um processo administrativo para apurar a responsabilidade do profissional que respondia pela obra. Uma equipe de fiscalização do órgão esteve no local para vistoria e levantamento de dados. O acidente ocorreu na rua Professor Annes Dias, próximo à avenida Salgado Filho, imediações do Hospital Santa Casa, em uma galeria com entrada também pela rua General Vitorino.

Fiscais do conselho realizaram o levantamento documental de responsabilidade técnica da obra e constataram que, no dia 2 de junho, foi registrada a Anotação de Responsabilidade Técnica com os serviços de montagem de bandeja de proteção, montagem e desmontagem de equipamento suspenso, recuperação da fachada frontal e pintura de fachada, anotada pela responsável técnica engenheira civil Geovana Farias da Silva, empresa Bento Ramos da Silva Neto – ME.

No decorrer da manhã, uma das vítimas morreu. Tatiani Duarte da Silva, 34 anos, trabalhava nas proximidades e estava com a mãe, que foi levada ao hospital em estado de choque. Eva Lenir Flores da Silva, moradora de Triunfo, também foi atingida pela estrutura, porém, levada com vida e consciente ao Hospital de Pronto Socorro, onde segue internada.

Inadequação

Barrios Junior destacou que em casos como esse resultam em três esferas de averiguação: ético-disciplinar, cívil e criminal. “Ao conselho cabe apenas a averiguação ético-disciplinar. A obra estava registrada no CREA e havia responsável-técnica. O que percebemos, foi uma inadequação da bandeja de proteção. Parte dela estava apoiada sobre a marquise, quando o correto era estar abaixo da marquise, independente da estrutura. Mas temos que analisar se isso causou sobrepeso ou se a marquise já estava comprometida e ocorreu um agravamento, resultando na queda.”

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