A construção civil enfrenta seu pior momento em mais de dez anos, depois de um período de crescimento acelerado, em que foi beneficiada pela expansão do crédito e da renda e por programas de investimento do governo.
A alta dos juros, aliada a uma retração dos gastos públicos, abalou a demanda por imóveis e empreendimentos de infraestrutura. Nos últimos meses, o quadro foi agravado pela fuga de recursos da poupança, principal fonte de financiamento para moradia.
Neste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) do setor vai encolher 5,5%, no pior desempenho desde 2003, projeta a economista Ana Maria Castelo. Segundo ela, a retração, se confirmada, vai gerar uma queda de 0,3 ponto percentual do PIB nacional.
Se há pouco mais de um ano a construção civil era vista como um símbolo dos gargalos de crescimento do Brasil, dada a escassez de mão de obra especializada no setor, atualmente é um dos setores que lideram as demissões no país.
Nos primeiros três meses do ano, as construtoras cortaram 50 mil vagas formais de trabalho. Em 12 meses, foram 250 mil postos fechados.
No primeiro trimestre, os empréstimos com dinheiro da poupança tiveram a primeira queda para o período desde 2002. A Caixa, maior agente financeiro na área, elevou o percentual de entrada para obtenção desses empréstimos e colocou os clientes interessados em uma fila de espera. Os juros subiram de 7% para 9% anuais nos últimos dois anos. O valor dos imóveis, que aumentar acima de inflação entre 2006 e 2011, apresentou rentabilidade abaixo do índice de preços ao consumidor nos 12 meses até fevereiro. (Folhapress)