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Contador investigado teria arrecadado R$ 7,5 milhões em emendas parlamentares de senador do Distrito Federal

Izalci Lucas (PL-DF) destinou emenda para associação suspeita de desvio; dinheiro deveria financiar evento de jogos digitais. (Foto: Reprodução de TV)

A Polícia Federal (PF) aponta que o senador Izalci Lucas (PL-DF) tinha interlocução direta com Adriano Marrocos, apontado como lobista da Associação Moriá, para favorecer e viabilizar emendas parlamentares para a empresa.

A empresa recebeu cerca de R$ 15 milhões em emendas de senadores para realizar jogos estudantis de esportes digitais (games) em 2023 e 2024. A suspeita é que, desse valor, R$ 13,2 milhões tenham sido desviados.

Dos repasses feito por Izalci através de uma emenda parlamentar, a Associação Moriá foi a maior beneficiária entre quatro entidades que receberam os repasses.

A dotação inicial da emenda indicada por Izalci era de R$ 732 mil e saltou para R$ 9,4 milhões em 2023 — sendo mais de R$ 7,5 milhões destinados apenas para a Associação Moriá.

A partir da análise da tramitação dessa emenda, a investigação concluiu que houve conversas entre Marrocos e o senador Izalci para beneficiar a Moriá.

A Associação Moriá foi o principal alvo da Operação Korban, deflagrada pela PF na terça-feira (29). Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em Brasília, no Acre, no Paraná e em Goiás.

O senador Izalci é um dos autores das emendas investigadas. No entanto, ele não foi alvo da operação e afirmou ao g1 que cancelou a emenda.

Lobby e proximidade

De acordo com as investigações, há indícios de que uma das pessoas ligadas à Associação Moriá tem relação de proximidade com o senador Izalci Lucas. Essa relação teria favorecido o “lobby” que destinou milhões de reais para a empresa.

Ainda segundo a PF, Izalci mantém relação de muita proximidade com o contador Adriano Marrocos, apontado como lobista da Associação Moriá. Além de sócio majoritário, ele era a pessoa responsável pela captação dos recursos federais para a empresa.

— Relação de Izalci com o investigado:

* Izalci e Marrocos foram filiados ao PSDB no mesmo período;

* Marrocos participou de audiências e eventos oficiais organizados pelo senador;

* O investigado esteve em 10 audiências ou sessões solenes requeridas por Izalci em 14 anos — tendo feito pronunciamentos em algumas delas;

* Os dois aparecem juntos em fotos nas redes sociais.

“É forçoso inferir que houve uma interlocução direta com o congressista […] em favor da destinação de recursos à entidade investigada […] Adriano provavelmente fez as vezes de lobista junto ao referido congressista, dados os indícios de intervenção no encaminhamento da emenda parlamentar”, diz trecho da decisão.

Empresa

Uma das empresas de Adriano Marrocos foi contratada pela Associação Moriá para prestar assessoria contábil dos contratos de fornecedores e da programação dos jogos estudantis digitais.

A principal suspeita de irregularidade está na contratação de empresas terceirizadas pela Moriá. Segundo a CGU, os problemas estariam:

* no direcionamento fraudulento das subcontratações pela Moriá;

* no acordo espúrio entre as firmas subcontratadas, que fraudavam orçamentos;

* e na contratação de empresas de fachada.

Além dos mandados de busca e apreensão, o ministro do STF Flávio Dino determinou:

* Sequestro de bens, como veículos e imóveis;

* bloqueio de contas bancárias das empresas investigadas, no valor de até R$ 25 milhões para futuros ressarcimentos.

* Quebrou o sigilo telefônico e de dados de 17 pessoas e empresas;
suspendeu os repasses e pagamentos a Moriá.

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