Coordenador da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República, o ex-governador da Bahia e senador eleito Jaques Wagner acredita que a melhor estratégia para uma vitória nesta corrida ao Palácio do Planalto seria o lançamento de Ciro Gomes (PDT) ao Palácio do Planalto como cabeça-de-chapa.
Repetindo ser defensor de alternância de poder e do fim da reeleição, Wagner fez essa avaliação ao comentar uma proposta da senadora Katia Abreu (vice de Ciro na chapa do PDT, terceira colocada no primeiro turno) que sugeriu a substituição de Haddad por Ciro para garantir a eleição.
Wagner disse que esse era um assunto superado, mas ressaltou sempre ter defendido um acordo com Ciro. Questionado, então, se essa seria a melhor estratégia para o campo de esquerda, Wagner concordou, sob o argumento de que a campanha de Jair Bolsonaro se resume ao ataque ao PT: “O que eles têm a dizer? É anti-PT. É anti-PT”.
Embora reconheça que o PT está estigmatizado, segundo suas próprias palavras, Wagner disse ter esperança de que o medo de Bolsonaro derrube resistências a Haddad neste segundo turno: “Se as pessoas tiverem mais medo dele do que raiva do PT, podem votar no Haddad. Não precisa amar o PT”.
Wagner disse ainda ter esperança de uma declaração de apoio mais contundente de Ciro: “Não vou jogar a toalha. Ele pode enviar um live de onde ele estiver”, disse o ex-governador em referência ao fato de Ciro estar na Europa.
Wagner acrescentou: “Alguém me disse que ele voltaria antes e anunciaria o apoio mais contundente”. Ainda segundo ele, Fernando Haddad defende a amplitude das alianças como saída para a situação.
Também integrante do comitê eleitoral petista, o tesoureiro Emídio de Souza afirma que “essa campanha foi feita no submundo”. Ele alerta para o fato de as “fake news” estarem “deformando a vontade popular”.
“As autoridades não estão atacando sua matriz e a atuação do Tribunal Superior Eleitoral está sendo frágil para combater o estímulo à violência na campanha”, ressalta. “A Justiça tem que coibir essa verdadeira fábrica de mentiras.”
Manifestações anteriores
Em maio, Jaques Wagner chegou a admitir a hipótese de o PT entrar com um candidato a vice de Ciro Gomes, caso Lula fosse impedido de concorrer à Presidência – o que realmente acabou ocorrendo, devido à Lei da Ficha Limpa, fazendo com que o bastão fosse dado ao ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, tendo como vice a deputada estadual gaúcha Manuela D’Avila (PCdoB).
Dias depois, no entanto, o ex-governador baiano foi desautorizado pela presidente nacional do PT, senadora paranaense Gleisi Hoffmann: “Ciro não é tema dentro do partido e nem das conversas com Lula”.
Isso não impediu que Wagner continuasse a tecer elogios públicos a Ciro. “Lula o considera um candidato importante no campo progressista, conhece o perfil, e sabe que assim como está determinado a ir até o final, o Ciro também. Quem sabe a gente possa se encontrar no segundo turno?”, disse ele na ocasião.
O ex-governador ressalvou, porém, que Lula não abria mão de sua candidatura. “Não pela paixão pelo poder, mas pela paixão de fazer o bem ao povo brasileiro”.
Segundo Wagner, é “absolutamente normal” conversar com outras forças políticas. “Ele [Lula] governou conciliando interesses diferentes. Não vejo nenhum problema em conversar. Agora, vamos cada um correr no primeiro turno com sua candidatura.”