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COP30: um chamado à ação e ao legado de Lutzenberger

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Faltam poucos dias para início da COP30, o evento representa muito mais do que uma conferência climática. É um marco histórico para o Brasil e para o planeta, um momento de convergência entre diplomacia, ciência, ativismo e cidadania.

Como voluntário da Fundação Gaia, encaro essa missão com o propósito de honrar e ampliar o legado de José Lutzenberger, um dos maiores ambientalistas brasileiros e referência mundial em consciência ecológica.

Lutzenberger foi engenheiro agrônomo, fundador da Fundação Gaia e um dos pioneiros da luta ambiental no Brasil. Com uma visão sistêmica e pragmática, ele denunciou os impactos da agricultura química e defendeu práticas regenerativas décadas antes de se tornarem tendência.

Sua atuação foi decisiva para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a histórica RIO-92. Lutzenberger articulou com líderes internacionais, mobilizou intelectuais e pressionou governos, mas foi demitido do cargo de secretário do Meio Ambiente pouco antes do evento, o que lhe causou profunda frustração. Ainda assim, seu legado permanece vivo e inspirador.

Na COP30, minha função será levar aos leitores do jornal O SUL informações claras e acessíveis sobre os debates, decisões e compromissos assumidos. A proposta da conferência é a ação: governos, empresas e cidadãos estão sendo convocados para um mutirão global pela vida.

Os eixos temáticos incluem biodiversidade, transição energética, justiça climática, financiamento verde e adaptação às mudanças climáticas. A diplomacia climática será posta à prova, com negociações intensas entre os 198 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Além disso, estou coordenando o lançamento nacional do documentário Sociedade Regenerativa, da produtora gaúcha OKNA. O filme propõe uma reflexão profunda sobre os caminhos para uma sociedade mais justa, resiliente e ambientalmente saudável.

Junto a exibição, haverá um debate sobre a trajetória de Lutzenberger, com painelistas de reconhecida atuação ambiental que interagiram com ele ou estudaram sua obra. Será um momento de memória, aprendizado e inspiração.

Outra missão que muito me honra será o lançamento da cédula simbólica de “100 pila”, criada pela prefeitura de Santiago (RS), no coração do pampa gaúcho. A cidade desenvolveu o “Banco Pila”, uma iniciativa de economia circular que estimula o consumo consciente e valoriza os produtos locais.

O projeto foi selecionado como uma das Vozes Regionais do Rio Grande do Sul — uma iniciativa da COP30 que destaca experiências inovadoras de sustentabilidade em territórios brasileiros. A moeda será lançada como parte das celebrações do centenário de nascimento de José Lutzenberger (1926–2002), reforçando o elo entre passado, presente e futuro.

Como colunista e ativista, tenho me dedicado intensamente a essa jornada. Espero voltar da COP30 com as entregas realizadas e novos projetos para contribuir com a sustentabilidade e o enfrentamento do aquecimento global. Acredito que a justa transição energética — com a eliminação urgente dos combustíveis fósseis — é essencial para reverter os eventos climáticos extremos que já afetam milhões de pessoas.

A COP30 será um divisor de águas. É tempo de agir com coragem, inteligência e solidariedade. Lutzenberger dizia que “não há fronteiras para os problemas ambientais”.

Que possamos, juntos, construir pontes e soluções. Sigo com esperança e otimismo, acreditando que a regeneração é possível — e que ela começa em cada gesto, cada escolha, cada voz que se levanta pelo planeta.

(Renato Zimmermann é desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética)

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