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Coronavírus mutante: novas variantes põem o planeta em alerta

Variação do Sars-Cov-2 anunciada pelo governo britânico no domingo passado já foi confirmada em quase 10 países. (Foto: Reprodução)

Um ano depois do registro dos primeiros casos de covid-19, a mutação do novo coronavírus elevou a preocupação mundial, principalmente na Europa, com a doença.

Desde 20 de dezembro, quando o Reino Unido confirmou uma nova cepa do Sars-CoV-2 que seria altamente transmissível, mais de 50 países iniciaram bloqueios de fronteiras e passaram a vetar a entrada de voos provenientes dos aeroportos britânicos. No sábado (26) foi a vez de Espanha, França e Suécia anunciarem casos relacionados a essa mutação dentro de seus territórios.

Essas mudanças no vírus inicial são como novas identidades genéticas que mostram que o micro-organismo não é exatamente o mesmo apresentado pela primeira vez em janeiro de 2020, quando os casos começaram a ser estudados pela ciência. Essas variantes preocupam a Europa e são também pesquisadas no Brasil. Especialistas dizem que ainda não há motivo para pânico, mas defendem medidas restritivas para evitar maior transmissão.

Como já era previsto, esses genomas sofrem mutações que, apesar de abrigar essas diferenças internas, continuam sendo o Sars-CoV-2, segundo explicaram pesquisadores. Uma dessas linhagens, identificada como B.1.1.7, fez com que mais de 50 países bloqueassem o trânsito de pessoas com o Reino Unido, já que pesquisadores e governantes britânicos alertaram que a variante se tornou predominante em boa parte do território, incluindo Londres, sofrendo mais de 10 mutações que podem ter facilitado sua transmissão.

Desde então, a cepa também foi encontrada na Austrália, Dinamarca, Itália, Islândia, Holanda e, agora, na Espanha, França e Suécia.

Apesar de os vírus sofrerem mutações o tempo todo, é vital entender se elas estão ou não mudando o comportamento do vírus e alterando a doença. Essa variante específica encontrada na Europa está causando preocupação por três motivos principais: ela está substituindo rapidamente outras versões do vírus; tem mutações que afetam partes do vírus que são provavelmente importantes; e já se verificou em laboratório que algumas dessas mutações podem aumentar a capacidade do vírus de infectar células do corpo. Tudo isso constrói um cenário preocupante, mas ainda não há certeza sobre seu comportamento.

Alerta no Brasil

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Laboratório Nacional de Computação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) identificaram cinco mutações do que pode ser uma possível nova linhagem originária da subespécie B.1.1.28 do coronavírus circulando entre a população do Rio de Janeiro. Os detalhes da pesquisa e seus resultados ainda não foram divulgados em nenhuma revista científica.

“O monitoramento deve ser contínuo. De fato, o que temos de experiência em coronavírus em outras espécies, como animais domésticos, é que, ao longo do tempo, por um período mais estendido, por vezes, há mutações de vírus que conseguem suplantar os anticorpos e imunidades provenientes da vacina”, diz o pesquisador Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica – iniciativa da chamada RedeVírus MCTI, comitê que reúne especialistas, representantes do governo federal, de universidades e de agências de fomento à ciência.

Em nota, a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro destaca que, dos 180 genomas do Sars-CoV-2 cujas amostras foram sequenciadas pelo Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis, 38 apresentaram mutações genéticas que indicam se tratar de uma nova linhagem.

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