Causador de um tipo de pneumonia, o ainda misterioso coronavírus, que causa problemas respiratórios e tem colocado a China e o mundo em alerta, espalhou-se a partir da cidade de Wuhan (Centro-Leste) para grandes metrópoles como Pequim e já tem mais de 200 casos oficialmente registrados, dos quais três foram fatais. Também já se sabe que a transmissão se dá de pessoa para pessoa.
Uma grande preocupação é com o Ano-Novo Lunar chinês, cuja celebração começa nesta semana e que leva centenas de milhões de chineses a viajarem pelo país asiático para as festividades. Há registros de casos do coronavírus no Japão, na Tailândia e na Coreia do Sul. E o fato de o vírus ter se espalhado para além da China faz cientistas britânicos acreditarem que o número de infectados seja maior, com algo perto de 1,7 mil casos.
No Brasil, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde informa que não há nenhum caso suspeito, mas a pasta diz que enviou comunicado às representações da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) em portos e aeroportos para que viajantes sejam orientados a tomar medidas de precauções em viagens ao exterior e para a “revisão dos principais aeroportos de conexão provenientes da China para identificação e mensuração dos riscos”.
Chamado de 2019-nCoV, o vírus causa febre, tosse, falta de ar e dificuldade em respirar. Parece ser uma nova cepa de um coronavírus que não havia sido previamente identificado em humanos – coronavírus são uma ampla família de vírus, mas poucos deles são capaz de infectar pessoas.
Até agora, os cientistas acreditam que a fonte primária do vírus seja animal, provavelmente de um mercado de alimentos em Wuhan, mas ainda não foi identificado o caminho inicial de transmissão.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), também ocorreram “limitadas transmissões de humano para humano”. Isso também foi confirmado pela agência oficial de notícias chinesa Xinhua, que citou dois casos. É uma novidade: anteriormente, as autoridades chinesas sustentavam que a transmissão vinha se dando pelo contato com animais infectados em um mercado de alimentos em Wuhan.
Por isso, a orientação em locais de risco é evitar o contato “desprotegido” com animais ou com pessoas com sintomas semelhantes aos de gripe e resfriado. Além disso, recomenda-se que carnes e ovos só sejam ingeridos depois de devidamente cozidos.
O estado de alerta atual traz à tona memórias do vírus Sars (também um coronavírus), que matou 774 pessoas em 2002 em dezenas de países, a maioria deles na Ásia. E análises genéticas do novo vírus mostram que ele tem mais parentesco com o Sars do que qualquer outro coronavírus humano.
Por enquanto, a OMS não recomenda restrições em viagens ou no comércio internacional em decorrência do vírus, mas ao mesmo tempo tem oferecido orientação a países para se prepararem. Aeroportos em Cingapura, Tóquio e Hong Kong estão examinando passageiros aéreos vindos de Wuhan, e autoridades americanas anunciaram medidas semelhantes em três grandes aeroportos do país: San Francisco, Los Angeles e Nova York.
Exterior
Há quatro registros de casos fora da China: dois na Tailândia, um no Japão e um na Coreia do Sul. Todos envolvem pessoas que são de Wuhan ou visitaram a cidade chinesa. Nesta segunda-feira, o presidente chinês, Xi Jinping, fez seu primeiro pronunciamento público sobre o surto, dizendo que o vírus deve ser “decididamente contido”.
Nesta semana, a maioria dos chineses iniciará os festejos (de uma semana) pelo Ano-Novo Lunar, quando viajarão pelo país para visitar familiares. Isso desperta o temor de mais contaminação e de que as autoridades chinesas tenham dificuldade em monitorar o avanço da doença.
Em Wuhan, há quase uma semana as autoridades iniciaram o uso de scanners de temperatura em aeroportos e estações de trem e ônibus. Pessoas com sinais de febre têm sido registradas, recebido máscaras e encaminhadas a hospitais e clínicas.
Especialistas britânicos que estão monitorando a doença afirmam que há sinais para “inquietação”, embora a capacidade de resposta a epidemias do tipo tenha crescido. “Até o momento, é difícil saber o quão preocupados devemos estar. Até termos a confirmação da fonte (primária da doença), ficaremos com essa inquietação”, frisa Josie Golding, da fundação de pesquisas médicas Wellcome Trust.