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Coronavírus: uma cientista defendeu que a distância de um metro entre cada pessoa é insuficiente

A OMS destacou que suas orientações seguem análises criteriosas, que são acompanhadas constantemente, e que mudanças podem ser feitas caso seja necessário. (Foto: Reprodução)

Para se proteger do vírus que causa a Covid-19, especialistas indicam que as pessoas mantenham 1 metro de distância umas das outras. Em uma pesquisa publicada na revista especializada Journal of American Medical Association (Jama), uma cientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês) defende que essa medida é insuficiente.

Segundo ela, partículas do novo coronavírus podem viajar por até 8 metros, o que demanda um espaço maior entre as pessoas. O artigo gerou polêmica. Considerado um dos principais infectologistas do mundo, Anthony Fauci classificou o resultado como “enganador”.

Lydia Bourouiba pesquisa a dinâmica de tosses e espirros há anos e enfatiza, no artigo recém-publicado, que as diretrizes atuais são baseadas em modelos desatualizados, da década de 1930. Em vez da segurança assumida de 6 pés (cerca de um metro e meio), ela afirma que “gotículas de vírus de todos os tamanhos podem viajar de 23 a 27 pés (de 7 a 8 metros)”. Também de acordo com o estudo, “gotículas que se depositam ao longo da trajetória podem contaminar superfícies”, e os resíduos podem “ficar suspensos no ar por horas”.

A  especialista diz temer que as recomendações atuais sejam “simplificadas demais” e “possam limitar a eficácia das intervenções propostas” contra a pandemia. Para Lydia Bourouiba, essas informações são importantes principalmente para os profissionais de saúde, que enfrentam uma faixa de exposição potencial subestimada ao tratar doentes. “Existe urgência na revisão das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (dos Estados Unidos) sobre as necessidades de equipamentos de proteção, particularmente para os profissionais de saúde da linha de frente”, disse a cientista ao jornal americano USA Today.

Reações

O principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos contestou a pesquisa. Em um comunicado, Anthony Fauci a definiu como um estudo “terrivelmente enganador”. “Sinto muito, mas fiquei perturbado com esse relatório, porque isso é enganador”, afirmou o membro da força-tarefa da Casa Branca contra a pandemia. Fauci explicou que seria necessário um “espirro muito, muito robusto e vigoroso” para que as gotículas chegassem perto de percorrer a distância de 8 metros.

A OMS, por sua vez, destacou que suas orientações seguem análises criteriosas, que são acompanhadas constantemente, e que mudanças podem ser feitas caso seja necessário. “A OMS monitora cuidadosamente as evidências emergentes sobre esse tópico crítico e atualiza esse resumo científico à medida que mais informações se tornam disponíveis”, enfatizou a agência de saúde, também em comunicado.

Resistência variada

O tempo de sobrevivência do Sars-Cov-2 varia de acordo com o local em que ele está instalado. Segundo um estudo  do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, nos Estados Unidos, o novo coronavírus pode ser detectável em até três horas no ar, até quatro horas no cobre, em até 24 horas no papelão e em até dois a três dias em plástico e aço inoxidável. A equipe considerou tanto ambientes hospitalares quanto os cotidianos, como dentro de casa, para chegar às médias. O resultado do trabalho foi divulgado, mês passado, na revista The New England Journal of Medicine.

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