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Coronel Cid depõe mais uma vez e confirma que Bolsonaro queria reaver pacote de joias sauditas

Ex-presidente e familiares buscaram se esquivar do assunto após homologação de acordo de ex-ajudante de ordens com a PF. (Foto: Divulgação)

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) durante o seu governo, prestou depoimento na quinta-feira (1º) à Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o caso das joias sauditas.

Cid respondeu às perguntas na condição de testemunha e não de investigado. De acordo com Cid, o ex-presidente informou a ele em meados de dezembro de 2022 sobre a existência de um presente retido pela Receita Federal e pediu que ele checasse se era possível regularizar os itens.

Segundo o militar afirmou, ele acionou o então secretário da Receita, Júlio César Vieira Gomes, que confirmou a retenção do pacote e declarou já haver um pedido para liberar os objetos, em nome do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Mauro Cid relatou, então, ter sido orientado por Gomes sobre como deveria proceder para solicitar à Receita a retirada dos presentes. Segundo ele, a maior parte das conversas ocorreu pelo aplicativo WhatsApp.

Conforme disse em depoimento, não houve ordem de recuperação do presente por parte do ex-presidente, mas sim uma solicitação.

O tenente-coronel está preso desde o início do mês de maio na. Ele é acusado de participar de um esquema de falsificação de dados de cartões de vacinação no sistema do Ministério da Saúde. Cid é suspeito de organizar e operar as alterações, e a incluírem os cartões de Bolsonaro e de sua filha Laura.

As joias sauditas

O governo do ex-presidente Bolsonaro teria tentado trazer para o Brasil de forma ilegal joias sauditas avaliadas em R$ 16,5 milhões.

As joias foram apreendidas quando o governo Bolsonaro tentava retornar ao Brasil durante viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021. Os itens de luxo avaliados em R$ 16,5 milhões estavam na mochila de um militar que era assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Logo após a apreensão das joias, o militar informou o caso ao ministro que tentou liberar os itens sob alegação de que seria um presente para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL). Entretanto, a Receita Federal decidiu por manter o confisco.

Em mais uma tentativa, em 28 de dezembro de 2022, o próprio ex-presidente teria enviado um ofício para a Receita pedindo a liberação dos bens.

A Polícia Federal então descobriu um segundo pacote de joias entregues a Bolsonaro: o kit com relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário islâmico foi listado como um bem pessoal do ex-presidente.

O segundo pacote de joias foi entregue à Caixa Econômica Federal em março deste ano. Só o relógio da marca Rolex é avaliado em aproximadamente R$ 800 mil.

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