Menos de um mês após terem decretadas suas prisões temporárias, uma mulher de 48 anos e seu filho, de 24, foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público no caso do homem que teve o corpo esquartejado e deixado no freezer de uma casa no balneário de Quintão, pertencente a Palmares do Sul (Litoral Norte). Eles são, respectivamente, viúva e enteado da vítima, identificada como Milton Prestes da Silva, 55 anos.
A acusação é de homicídio (cometido em 27 de fevereiro) e ocultação de cadáver (queimado e fracionado antes de seu congelamento, até a descoberta por familiares no dia 4 de março). O promotor de Justiça Lucas Codeceira acrescentou os agravantes de motivo torpe (desavenças envolvendo questões patrimoniais), o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima (executada com golpes de arma branca) e a dissimulação (na tentativa de esconder o cadáver).
De acordo com o promotor, o delito ainda foi cometido pelo fato dos autores se prevaleceram de relações domésticas, de coabitação e hospitalidade, ou seja, integravam uma família que residia no mesmo local. Pesa contra mãe e filho a imputação de fraude processual, pois alteraram o local do crime e utilizaram cartão e automóvel da vítima na fuga. Para o promotor, a intenção dos criminosos era induzir autoridades ao erro durante o processo penal.
“Trata-se de um fato gravíssimo, que choca pelo absoluto desprezo à vida e pela extrema crueldade na ocultação do corpo: a vítima foi esquartejada, carbonizada e colocada em sacos de ráfia (fibras de palmeiras) e sacolas plásticas, armazenados dentro de um freezer na própria residência”, diz o promotor. “A denúncia representa o início da resposta do Estado diante de uma sociedade exausta desse tipo de violência”.
Relembre
O homem, de 23 anos, foi preso em Gramado (Serra Gaúcha), após depoimento em que confessou ter cometido o crime. Ele alegou ter matado o padrasto a facadas, que supostamente praticava violência doméstica contra a companheira. Depois foi a vez de sua mãe, que estava foragida, ser capturada pelas autoridades.
A Polícia Civil ainda apura a circunstância e motivação da morte de Milton, bem como a participação de cada investigado. Ele não era visto pela família desde a quinta-feira passada (27). Já no sábado (1º), moradores de casas vizinhas tiveram a atenção despertada pela ocorrência de fumaça na casa dele. A esposa teria demonstrado nervosismo ao ser questionada por familiares sobre a situação, e logo deixou de carro o local.
A situação aumentou as desconfianças de algo estava errado. Aproveitando-se de que não havia ninguém na residência, familiares percorreram os cômodos até deparar com a cena macabra em um congelador. A Brigada Militar (BM) foi chamada e confirmou o relato. O automóvel da mulher foi encontrado abandonado próximo a uma praia, contendo itens suspeitos como serrote e restos de carvão.
(Marcello Campos)