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A corrupção política se infiltrou até no concurso para a escolha da Miss Venezuela

Miss Venezuela 2016, Keysi Sayago (E), coroa Sthefany Gutiérrez, vencedora da disputa em 2017. (Foto: Reprodução)

A corrupção política se infiltrou até no concurso para a escolha da Miss Venezuela. O jornal espanhol “El País” noticiou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo membros do governo e pessoas ligadas à disputa, que há alguns anos esvaziava as ruas de Caracas. O Miss Venezuela era transmitido ao vivo de hotéis de luxo que a maioria nem sonhava entrar.

As mulheres se enfileiravam e desfilavam em vestidos de gala, fantasias e roupa de banho. Eram apresentadas por seus nomes, idades, medidas e cor dos olhos. A missão era torcer para que a vencedora fosse coroada Miss Universo. Desde o início da disputa, em 1952, a Venezuela venceu sete vezes.

Era uma questão de tempo até que o Miss Venezuela também sucumbisse à corrupção do Estado chavista. Recentemente, a organização suspendeu suas atividades após acusações de que seus diretores negociavam garotas para servir de acompanhantes de patrocinadores, incluindo funcionários do governo de Nicolás Maduro.

Nos anos 1970, quando a fortuna do petróleo jorrava, o Miss Venezuela era o orgulho nacional e todos acreditavam que ele estava livre da corrupção. Seu colapso é o mais novo capítulo da derrocada do chavismo.

Em novembro, o site Efecto Cocuyo publicou uma série de reportagens sobre casos de abuso no concurso. Em seguida, o jornal espanhol El País noticiou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo membros do governo e pessoas ligadas ao Miss Venezuela. Em um dos casos, um dos homens estaria ligado a uma ex-participante que teria feito um depósito de US$ 1 milhão em um banco de Andorra.

A notícia caiu nas redes sociais e várias ex-participantes começaram a acusar umas às outras de corrupção em troca de dinheiro, apartamentos e outros presentes de homens ligados ao regime de Maduro. Outras concederam entrevistas para falar sobre experiências de assédio ou coisas piores.

A jornalista Ibéyise Pacheco, autora de um livro sobre o envolvimento das participantes com prostituição e corrupção, disse ter conversado com várias jovens que quase se tornaram escravas. Segundo ela, uma das garotas teve de fugir do país depois que um patrocinador rejeitado ameaçou matá-la.

No centro do escândalo está Osmel Sousa, diretor da Organização Miss Venezuela por 40 anos, que renunciou em fevereiro. Uma ex-miss afirmou que ele e seus assistentes pressionavam as moças a aceitarem programas com políticos e empresários em troca de dinheiro para financiar a disputa.

Algumas mulheres resistiram, outras consentiram. Debora Menicucci, de 26 anos, conheceu Sousa quando ela tinha 13. Ela representou a Venezuela no Miss Universo de 2014. Nesse intervalo, Sousa a apresentou ao seu futuro marido, Maikel Moreno, 25 anos mais velho.

Advogado, Moreno cumpriu pena por assassinato nos anos 1980. Hoje, presidente da Suprema Corte, ele é conhecido por impor duras sentenças a membros da oposição. Sousa, que se orgulha de ser amigo do presidente americano, Donald Trump, que era dono da franquia do Miss Universo, nega todas as acusações.

 

 

 

 

 

 

 

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