A reconstrução digital de um crânio de um milhão de anos sugere que os humanos podem ter se separado de seus ancestrais 400 mil anos antes do que se pensava, e que isso ocorreu na Ásia em vez da África, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira, 26.
Este crânio achatado, descoberto na China em 1990 e batizado como Yunxian 2, era até agora considerado como pertencente ao Homo erectus, um ancestral da nossa espécie.
Mas graças às tecnologias modernas de reconstrução, pesquisadores descobriram características — como uma capacidade cerebral aparentemente maior — que o aproximam de espécies como o Homo longi ou o Homo sapiens; que se acreditava terem existido muito mais tarde na evolução humana.
“Isso muda muitas coisas”, afirmou Chris Stringer, antropólogo do Museu de História Natural de Londres e membro da equipe de pesquisadores, cujo estudo foi publicado na revista Science.
“Isso sugere que há um milhão de anos nossos ancestrais já haviam se dividido em grupos distintos, o que indica uma divisão evolutiva humana muito mais antiga e complexa do que se pensava”, explicou.
Se essas conclusões estiverem corretas, isso significaria que podem ter existido membros muito mais antigos de outros hominídeos primitivos, como o homem de Neandertal ou o Homo sapiens.
Isso também “coloca em questão” as hipóteses estabelecidas há muito tempo de que os primeiros humanos teriam se dispersado partindo da África, apontou Michael Petraglia, diretor do centro australiano de pesquisa sobre a evolução humana da Universidade Griffith, que não participou do estudo.
“Pode estar ocorrendo uma mudança importante, com o Leste Asiático agora desempenhando um papel fundamental na evolução dos hominídeos”, estimou.
O estudo utilizou técnicas avançadas de tomografia computadorizada, imagens com luz estruturada e reconstrução virtual para modelar um Yunxian 2 completo.
Os cientistas se basearam em outro crânio semelhante para criar seu modelo, que depois compararam com mais de 100 indivíduos adicionais.
“Yunxian 2 pode nos ajudar a resolver” o grande enigma em torno de um “conjunto confuso de fósseis humanos que datam de 1 milhão a 300 mil anos”, declarou Stringer em um comunicado de imprensa.
(Com informações do O Globo)