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Crescem os casos de transtornos alimentares entre os homens: pressão por corpos perfeitos seria uma das razões, segundo os especialistas

Preocupação extrema com aparência, corpo, peso e “saúde” é um dos sintomas de transtornos alimentares. (Foto: Reprodução)

Estar insatisfeito com o corpo não é sinal de alerta. Mas quando a imagem de si mesmo é vista de forma distorcida e são tomadas medidas extremas para mudar isso, sim. Estudo do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido mostrou que aumentou em 70% o número de homens entre 41 e 60 anos com transtornos alimentares nos últimos seis anos. A pressão das redes sociais seria um dos motivos.

Pela internet, todos aparentam ter vida e corpos perfeitos. A realidade, entretanto, é mais difícil. A pressão para atingir esses ideais, que nem sempre são reais e muito menos saudáveis, acaba resultando no desenvolvimento de transtornos como bulimia ou anorexia.

A busca desenfreada pode acabar se tornando patológica, alertam os médicos. É preciso avaliar os prejuízos na saúde mental e física.

Segundo o endocrinologista Pedro Assed, o estudo reflete um fenômeno, que ocorre também no Brasil: os consultórios têm recebido cada vez mais homens com transtornos associados à estética corporal.

“Para obedecer padrões de beleza que a sociedade vangloria como modelos a serem seguidos, a pessoa atinge um lado patológico. Ambiente familiar muito rígido também influencia e a criança ou adolescente cresce sem aceitar seu corpo, diz o médico.

Famílias e amigos, portanto devem ficar atentos aos sinais. Quanto mais precoce o distúrbio foi identificado, maior a chance de recuperação. Para o tratamento é preciso equipe com médicos, nutricionistas e psicólogos.

Apesar do excessivo crescimento entre a população masculina, as mulheres ainda representam a maior parte dos diagnósticos de transtornos.
A nutricionista Patrícia Bertoni conta que vê o problema muito recorrente também entre adolescentes que sofrem bullying de colegas.

“O menino em desenvolvimento que está acostumado a receber apelidos, chega logo querendo entrar na academia e pede suplemento proteico. Os mais velhos, quando procuram, já tentaram outras medidas antes, como anabolizantes, e têm outros problemas de saúde”, diz a profissional.

Os especialistas lembram que, normalmente, os homens postergam a procura por um médico e demoram a admitir que passam por um problema. Por conta disso, os números de diagnósticos podem ser ainda maiores.

Problemas

Anorexia nervosa: É um distúrbio de imagem que faz com que a pessoa não se aceite e se enxergue de forma distorcida. Isso provoca a busca por medidas extremas para perder peso, como dietas restritivas e uso de remédios.

Bulimia: A pessoa oscila entre restrição alimentar e compulsão, com ingestão exagerada de comida. Nesses casos, há culpa, perda de controle seguido de vômito ou abuso de laxantes para não ganhar peso.

Ortorexia: Também se torna comum. É a rejeição por comer o que não tenha sido preparado pela pessoa por temer que o alimento não seja saudável, por achar que vai engordar. Prejudica a vida social.

Vigorexia: Cada vez mais comum, resulta na prática exagerada de atividade física na busca por um corpo idealizado. Por mais definida ou musculosa que a pessoa seja, não se vê como tal.

Sintomas

1) Dramáticas flutuações de peso: perda ou ganho marcantes.

2) Sinais de fraqueza e sonolência excessiva, fadiga e letargia.

3) Palidez e reclamações de tontura e desequilíbrio sem razões médicas.

4) Perda de memória e baixa capacidade de concentração.

5) Distúrbios e alterações na qualidade do sono, como insônia.

6) Depressão, ansiedade e comportamento obsessivo.

7) Períodos alternados de dieta muito restritiva e comendo demais.

8) Preocupação extrema com aparência, corpo, peso e “saúde”. (AG)

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