Um assassinato seguido por suicídio na Tailândia, assistido ao vivo no Facebook por mais de 110 mil pessoas, esquentou o debate sobre os limites e as responsabilidades das redes sociais. De acordo com especialistas, estes sites não têm culpa do conteúdo trágico exibido – e só devem ser obrigados a retirá-lo do ar caso haja uma denúncia.
A política é diferente da adotada contra a pornografia, por exemplo, pelo temor de que este conteúdo não seja consensual. Ainda assim, é senso comum que as plataformas na internet devem aumentar o cerco sobre transmissões de episódios violentos.
No caso tailandês, demorou 24 horas até que o Facebook retirasse do ar, atendendo a um pedido policial, os dois vídeos em que Wuttisan Mongtalay, 20 anos, transmite a morte da própria filha, de 11 meses, matando-se em seguida.
“Não seremos capazes de acusar o Facebook, porque trata-se de um provedor de serviços e agiu de acordo com seu protocolo quando enviamos nosso pedido. Ele cooperou muito bem”, explica o vice-secretário do Ministério da Economia, Somsak Khaosuwan.
Pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Sociedade, a advogada Chiara de Teffé ressalta que a exibição ao vivo de vídeos violentos não são responsabilidade de Facebook, já que o conteúdo não é produzido pelo site. Sendo assim, o conteúdo só pode ser retirado do ar através de uma ordem judicial ou por denúncia.
Há, segundo a pesquisadora, uma linha tênue: a extração indiscriminada de conteúdo das redes sociais compromete a diversidade e a liberdade de expressão, o que pode culminar em censura.
O caso aumentou a pressão sobre o fundador e diretor-executivo da rede social, Mark Zuckerberg, que promete instalar novos filtros contra a transmissão de vídeos violentos. No dia 15, o americano Steve Stephens, de 37 anos, exibiu no site o assassinato de Robert Godwin, 74 anos, uma vítima escolhida “por acaso” enquanto ele dirigia em Cleveland, no estado de Ohio. Stephens se matou três dias depois.