A crise política está acelerando a deterioração das expectativas de mercado para a atividade econômica. Se alguém tinha alguma esperança de que o terceiro trimestre pudesse mostrar números um pouco menos sombrios para a economia, indicadores reforçam a percepção de que a recessão pode se alongar por um período maior que o previsto.
As dúvidas em relação à aprovação das medidas de ajuste fiscal permanecem, deixando empresários e consumidores ainda mais cautelosos em relação ao País, o que já contamina as expectativas para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2016, conforme os economistas. Mas os efeitos negativos sobre a economia não se restringem apenas à seara política. Somam-se a eles os prejuízos decorrentes da perda do selo de bom pagador do Brasil pela agência de classificação de risco S&P (Standard & Poor’s). Essa conjugação é que corrobora a expectativa de que a atual recessão seja a terceira maior dos últimos 50 anos, segundo o economista Alexandre Andrade.
Ele lembra o tombo de 4,25% da economia brasileira em 1962 e de 4,35% em 1990. Em virtude do desempenho da economia no terceiro trimestre deste ano e das incertezas nos ambientes político e econômico, houve alteração das projeções para o PIB à frente.
A previsão do economista para o PIB do terceiro trimestre deste ano mudou de um recuo de 1% para retração de 1,2%, na comparação com o trimestre anterior. Para o último trimestre do ano, a expectativa foi alterada de retração de 0,7% para declínio de 1,1%. Para 2015 e 2016, as projeções saíram de 2,7% para 3% e de 0,8% para 1,3%. As informações mais recentes do mercado de trabalho, do varejo e da produção industrial indicam resultados ainda mais desfavoráveis. Para Andrade, enquanto o cenário político não melhorar, a economia ficará “a reboque” da crise. (AE)
