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Cúpula do Exército vê acusação como previsível e monitora delação de Mauro Cid após retirada de sigilo

Após a denúncia, o ministro da Defesa conversou com o chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Fernandez Nunes (na foto). (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e 23 militares acusados de golpe de Estado, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Fernandez Nunes, conversaram sobre a situação de cada um dos acusados que pertencem à Força.

Já o comandante do Exército, general Tomas Paiva, em missão oficial a Portugal, participou do balanço pelo telefone. Durante a conversa, foram repassadas ao ministro informações sobre onde estão lotados os acusados; quem está preso; quem usa tornozeleira eletrônica; e quem está na ativa ou foi transferido para a reserva.

Dos que estão na ativa, três estão presos; da reserva, são dois, entre eles o general Walter Braga Netto.

O ministro também foi informado que o comando já adotou medidas disciplinares em relação aos denunciados antes de virarem réus, o que ocorre quando a denúncia é aceita pela Justiça.

Esses militares não podem ser promovidos, transferidos ou ocupar cargo de comando. Quem não foi afastado do posto ou transferido para a reserva está exercendo função administrativa.

Foi acertado com Múcio que as Forças não vão se pronunciar oficialmente em relação à denúncia, sob alegação de que o processo agora está com o STF e, portanto, caberá aos denunciados apresentar a defesa.

Ainda não se sabe se todos os militares denunciados vão virar réus. Por isso, é preciso cautela, disse um oficial a par das conversas.

Entre os generais denunciados há um oficial general da Marinha, almirante Almir Garnier, ex-comandante da Armada. Na lista, não há militar da Aeronáutica.

O ministro da Defesa também conversou o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen e comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno. Segundo interlocutores, a situação está tranquila nas Forças, embora haja descontentamento de militares da reserva.

Segundo um interlocutor, a denúncia não trouxe fatos novos, sobretudo em relação aos nomes, já que a maioria já tinha sido indiciada pela Polícia Federal.

Durante a reunião com Múcio, a cúpula do Exército considerou a acusação da PGR previsível, mas ainda avalia os desdobramentos da retirada de sigilo da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Nessa quarta-feira, as informações de depoimentos do militar vieram a público após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A retirada do sigilo é importante para que os 34 acusados pela tentativa de golpe possam se defender no processo que corre na Corte.

Com a formalização da denúncia, a expectativa dos militares é que as Forças Armadas possam, pouco a pouco, superar o constrangimento e virar a página. As informações são do jornal O Globo.

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