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Cúpula perde controle: Enquanto parte dos principais líderes do PSDB defende o governo, grupo de parlamentares declara voto para aceitar a denúncia contra Michel Temer

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (ao microfone), fala em reunião do partido realizada em junho, em Brasília. (Foto: AE)

Conhecido por ser um partido que define suas diretrizes em um colegiado pequeno de quadros, o PSDB enfrenta um descolamento entre sua cúpula e as bancadas na Câmara e no Senado. Os senadores Aécio Neves, José Serra, o governador Geraldo Alckmin e o ministro Aloysio Nunes Ferreira, que defendem a permanência da legenda no governo, perderam o controle sobre os parlamentares da sigla. Até o momento, 14 dos 46 deputados do PSDB dizem que vão votar a favor da admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República. Apenas três votarão contra e 30 estão indecisos ou não quiseram responder.

A contabilidade interna, porém, é mais dramática para os governistas. “A maioria quer que o partido entregue os cargos. Mas não iremos para a oposição e apoiaremos as reformas”, disse o líder tucano na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Para evitar o desgaste de uma reunião da Executiva tucana em Brasília para deliberar sobre a permanência ou desembarque do governo, os tucanos “históricos” articulam um encontro reservado em São Paulo nesta segunda-feira, 10.

A tensão no partido atingiu seu ápice após o presidente interino, senador Tasso Jereissati (CE), dizer que o País “beira a ingovernabilidade”. A declaração irritou Temer e seus aliados tentaram convencer os governadores tucanos a divulgarem uma nota de repúdio.

Apesar da maioria dos sete governadores do PSDB estar alinhada com o presidente Michel Temer, a ideia não vingou. Quem acabou fazendo a réplica então foi o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes. Ele escreveu no Twitter que “nem Lula nem Dilma tiverem esse tratamento de nossa parte quando éramos oposição”.

Isolamento

Um dos aliados mais próximos de Aécio, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) repetiu o discurso que cresce no partido: o de que chegou a hora de os tucanos desembarcarem do governo Temer. A posição de Cunha Lima isola cada vez mais o mineiro, que retomou o mandato nesta semana com um pronunciamento em defesa da manutenção do apoio a Temer.

Presidente interino do Senado enquanto o titular, Eunício Oliveira (PMDB-CE), substitui Temer no Palácio do Planalto, Cunha Lima afirmou que será o PMDB, e não o PSDB, o responsável por um eventual fim precoce da atual gestão.

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