As novas diretrizes curriculares para os cursos de Medicina devem estipular que cerca de 10% da carga horária seja destinada às atividades que envolvam tecnologia. Além disso, é prevista uma ênfase ainda maior na atividade prática.
O documento está em discussão no Conselho Nacional de Educação (CNE) e pretende atualizar o perfil e as competências necessárias para a formação dos médicos no País, e deve ser seguido pelas universidades. A última atualização das chamadas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Medicina havia sido em 2014. Sobre tecnologia, ela mencionava apenas que o conteúdo dos cursos deveria incluir “compreensão e domínio das novas tecnologias da comunicação para acesso a base remota de dados”.
Agora, a ideia é de que o currículo inclua a telemedicina, a robótica e técnicas dinâmicas de diagnóstico. “É a técnica atrelada à Medicina, não é a técnica em si, é a robótica sendo utilizada, por exemplo, numa cirurgia de pulmão”, afirma a relatora das DCNs no CNE, Beth Guedes, ao Estadão. “O aluno vai ver alguém fazendo, ser exposto a essa realidade, não ver apenas por fotografia ou nas páginas dos livros.”
Novas tecnologias
Essa parte destinada a atividades descritas como “online”, porque incluem novas tecnologias e podem ou não serem feitas a distância, deve ocupar até 10% do currículo, diz ela, que também é vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup).
A qualidade do ensino médico no Brasil é uma das grandes discussões do ensino superior. Como mostrou o Estadão, desde 2013 universidades com conceitos mínimos em avaliações do Ministério da Educação (MEC) colocaram no mercado quase 50 mil médicos formados, o que representa 21,4% do total.
A Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) produziu um documento em 2024 com um texto pronto de novas DCNs, que foi entregue ao CNE. De acordo com Beth, ele está sendo incorporado “o máximo possível” na proposta oficial.
A Abem afirma que o documento foi feito de forma coletiva, ouvindo um total de 3 mil pessoas, entre docentes, discentes, gestores e entidades médicas. Segundo Beth, a proposta do CNE deve ser colocada em uma segunda consulta pública na semana que vem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.