A elevação nos custos de cimento, aço, areia, fios, tubulação e outros materiais de construção – que ficou evidente na retomada dos negócios imobiliários após a flexibilização da quarentena – deve se estender até meados do primeiro semestre do ano que vem e, depois disso, perder força, de acordo com especialistas do setor.
Por enquanto, o movimento de alta segue em vigor, conforme mostra o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O INCC em outubro avançou 1,50% até o segundo decênio do mês, mostrando uma aceleração frente aos 0,98% registrados no mesmo período de setembro. Com isso, o INCC chegou a 6,14% no ano e 6,44% em 12 meses.
A pressão vem do grupo materiais, equipamentos e serviços, com elevação de 3,04% no segundo decênio de outubro ante 2,02% no mesmo período de setembro. No ano, o crescimento desse grupo atingiu 10,84% e, em 12 meses, foi a 11,19%.
Oferta e demanda
O superaquecimento desses itens é reflexo de uma distorção nas relações entre oferta e demanda, de acordo com a pesquisadora da FGV para o setor da construção civil, Ana Maria Castelo. “Houve uma parada da indústria por causa da pandemia e uma retomada muito forte e rápida da demanda com o arrefecimento da quarentena. Isso causou uma distorção surreal, nunca antes imaginada. A oferta da indústria não conseguiu acompanhar a demanda no mesmo ritmo”, explica.
“Por imposição da pandemia, a indústria viu sua produção diminuir abruptamente em cerca de 50% em abril e maio. E logo na sequência viu uma retomada abrupta da demanda, com necessidade de reposição de estoques e incremento expressivo dos volumes de produção”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Índice de setembro do IBGE
Já o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado no último dia 9 pelo IBGE, subiu 1,44% em setembro, maior taxa desde julho de 2013, e 0,56 ponto percentual acima da registrada em agosto (0,88%). De janeiro a setembro, o índice acumula alta de 4,34%. Nos últimos 12 meses, a taxa soma 4,89%, resultado acima dos 3,78% registrados nos doze meses imediatamente anteriores.
“Estamos atingindo três meses seguidos – fechando o terceiro trimestre –, com altas sucessivas da parcela dos materiais, que estão sendo impactantes na variação do índice nacional. Os custos da mão de obra têm se mantido estáveis, apesar das duas homologações em Brasília e no Pará. O que pesou no índice de 1,44% foi a alta em todos os segmentos de materiais – cimento, condutores elétricos, cerâmicas”, explica Augusto Oliveira, gerente da pesquisa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e do IBGE.