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De 150 mil a quase 160 mil pontos: como foi o mês de sucessivos recordes da Bolsa brasileira

No ano, o Ibovespa sobe agora 32,25%. (Foto: Divulgação)

O primeiro pregão do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), de novembro marcou a primeira vez que o índice fechou acima dos 150 mil pontos, enquanto o último foi do benchmark da Bolsa encostando nos 160 mil pontos, em um mês marcado por sucessivos recordes.

Já na última sexta-feira (28), assinalou alta de 0,45%, aos 159.072,13 pontos, que colocou o ganho acumulado de novembro a 6,37%, no que foi seu melhor desempenho mensal desde o avanço de 6,54% em agosto de 2024. O índice buscou máxima intradia a 159.689,03 pontos, em novo recorde histórico. No ano, o Ibovespa sobe agora 32,25%.

O índice atingiu máximas históricas sustentado por fluxo robusto de capital estrangeiro que acumulou cerca de R$ 30 bilhões no ano, aponta a Genial Investimentos, superando expectativas iniciais de R$ 28 bilhões.

Em relatório, a Genial Investimentos questiona: a máxima de ontem é a mínima de amanhã? A alocação estrangeira na Bolsa brasileira alcançou 58%, no nível máximo em muito tempo. Nas últimas semanas de novembro, entraram US$ 4,2 bilhões em fundos de mercados emergentes.

A Bolsa brasileira subiu 50% em dólar no ano, enquanto a Coreia do Sul avançou 70%, tornando a classe de mercados emergentes uma das que mais brilhou no ano. “Há potencial enorme de alocação para ações da região após anos de fluxo negativo e performance relativa pior, movimentos que costumam ser cíclicos e reverterem à média no longo prazo”, avaliam os estrategistas da Genial.

Os analistas de mercado destacam alguns pontos para a forte alta dos ativos no mês.

Após o corte de juros realizado pelo Federal Reserve em outubro, o mercado global passou a trabalhar com o cenário de que a autoridade monetária americana dará continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário, possivelmente com um novo corte já em dezembro.

“Mais importante do que o próprio Fed é o pano de fundo em que esse movimento ocorre: o mundo vive hoje um dos maiores ciclos de cortes de juros sincronizados das últimas décadas”, avalia a Genial. O aspecto verdadeiramente raro desse momento macroeconômico é que os Bancos Centrais estão cortando juros com as economias ainda crescendo, algo entre 2% e 3% ao ano, e, principalmente, com os lucros das empresas ainda em trajetória de alta.

“Historicamente, ciclos de cortes de juros costumam acontecer em ambientes de desaceleração econômica ou recessão. Cortar juros com crescimento econômico e lucros subindo é a exceção, não a regra. Essa combinação cria um ambiente extremamente favorável para os ativos de risco ao redor do mundo”, avalia a Genial, ressaltando que o custo de capital cai, os múltiplos se expandem e o apetite por risco aumenta.

Neste cenário, o Brasil entra com uma dupla vantagem, apontam os estrategistas. Além do vento externo favorável, o mercado começa a incorporar com mais convicção a tese de que o Banco Central brasileiro deverá se juntar ao movimento global de cortes de juros, possivelmente iniciando esse ciclo em janeiro ou março.

Olhando para frente, tanto a projeção de corte de juros quanto o cenário eleitoral devem ser observados de pelos investidores.

Para a Genial, há um vetor adicional extremamente importante na formação dos preços dos ativos brasileiros: a assimetria política associada à tese de alternância de poder. Essa assimetria pode ser entendida pela esperança matemática do mercado ao comparar dois cenários bastante distintos, avalia.

Para os analistas, o cenário é de continuidade do governo Lula seria interpretado como mais do mesmo. Uma política fiscal expansionista manteria o Brasil preso a juros reais elevados, possivelmente entre 7% e 10% ao ano, por vários anos. “Nesse cenário, o ajuste ocorreria de forma lenta e o Ibovespa poderia retornar para a faixa de 130 mil a 140 mil pontos”, avaliam.

Já uma mudança de regime político com retomada da agenda de reformas, avalia a Genial, pode levar a uma reprecificação dos ativos brasileiros que seria profunda. “Nesse cenário, não seria exagero imaginar o Ibovespa caminhando para níveis próximos de 200 mil pontos, as taxas dos IPCA longos comprimindo para algo em torno de 5%, e a Selic convergindo para patamares de um dígito ao longo do tempo, um movimento de normalização muito semelhante ao observado no ciclo iniciado com a Ponte para o Futuro, no período Temer”, avalia a Genial.

Entre outras casas, a XP projeta o Ibovespa em 2026 encerrando a 170 mil pontos, enquanto o Morgan Stanley projeta Ibovespa a 200 mil pontos em 2026. As informações são do site InfoMoney.

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