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De Foz do Iguaçu para Belém – uma conversa com a Juventude

(Latinoware 2025 / Divulgação)

Hoje embarco para o 22º Congresso Latino-americano de Software Livre e Tecnologias Abertas – o LATINOWARE 2025, em Foz do Iguaçu, Paraná. Minha missão será apresentar duas palestras: a primeira sobre transição energética e a segunda sobre tecnologias no combate às mudanças climáticas, com um olhar voltado para a COP30, que se aproxima. Em ambas, quero não apenas falar de soluções tecnológicas, mas também lançar um chamado à juventude: é hora de agir.

Falar para esse público – sempre curioso, impaciente e ávido por novidades – é ao mesmo tempo motivador e desafiador. Manter a atenção de jovens por uma hora em torno de um tema que, à primeira vista, pode parecer árido ou distante, exige criatividade. Mas é justamente esse o desafio que aceito: transformar a discussão sobre aquecimento global em algo vivo, urgente e inspirador. Assim como os eventos Pré-COP serviram de preparação para os grandes debates de Belém, este encontro em Foz será meu aquecimento para a verdadeira maratona de agendas que me espera no próximo mês.

O LATINOWARE nasceu há mais de duas décadas como um grito de resistência contra os monopólios da indústria de software. Era a defesa da liberdade, da colaboração e da inclusão por meio do código aberto. Hoje, esse espírito de cooperação é mais atual do que nunca. Na COP30, precisaremos desse mesmo espírito: nações mais colaborativas, dispostas a superar rivalidades geopolíticas e comerciais em nome de um bem comum – a sobrevivência do planeta.
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, terá a difícil missão de conduzir negociações complexas e, quem sabe, alcançar um acordo histórico. Talvez surja o “Acordo da Amazônia”, o “Tratado de Belém” ou até mesmo o “Protocolo do Brasil”. Seja qual for o nome, o mundo espera que Belém seja palco de um compromisso real, que vá além das palavras e se traduza em ações concretas.

Estamos a poucos dias da abertura, e as expectativas são enormes. As delegações que ainda não confirmaram presença devem fazê-lo em breve, e todos aguardam o anúncio das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), as metas de redução de emissões para 2035. A atenção se volta especialmente para a China, maior emissora de gases de efeito estufa, cuja posição será decisiva. Já os Estados Unidos, que nos últimos anos reduziram drasticamente o protagonismo de suas agências ambientais, correm o risco de pagar caro por essa ausência.

De minha parte, acompanharei os desdobramentos de Foz do Iguaçu, trazendo informações atualizadas e reforçando a importância de compreender como funcionam esses encontros. Afinal, a COP30 não é apenas mais uma conferência: é a oportunidade de transformar em realidade o que já foi acordado em Paris, em 2015. O tempo das promessas acabou; agora é hora de agir.

Nas Cartas da Presidência, André Corrêa do Lago convocou os povos de todas as nações para um “Mutirão Global pelo Planeta”. Essa expressão traduz bem o espírito que precisamos: uma mobilização coletiva, que mexa com a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos com a natureza. Não há mais espaço para ilusões. Os efeitos da crise climática já estão entre nós e tendem a se intensificar nas próximas décadas.

Por isso, meu compromisso nesta semana é levar ao LATINOWARE uma mensagem clara e direta: a juventude precisa assumir o protagonismo. Não podemos mais esperar. É hora de transformar inquietação em ação, ideias em projetos, e sonhos em realidade.

Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista pela Transição Energética.

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