Com retorno ao Palácio Piratini previsto para esta segunda-feira, o governador gaúcho Eduardo Leite fez um balanço positivo de sua primeira viagem internacional desde que assumiu o cargo, em janeiro. Foram quatro dias de reuniões e eventos em Nova York (Estados Unidos), mais dois em Londres (Inglaterra), divulgando o Estado para potenciais interessados.
“(…) Valeu muito a pena, o Rio Grande do Sul está no radar de quem tem capital para investimentos”, avaliou no sábado, na capital britânica, antes de embarcar de volta. Em sua comitiva estavam os secretários Marco Aurelio Cardoso (Fazenda), Bruno Vanuzzi (Parcerias) e Artur Lemos Júnior (Meio Ambiente e Infraestrutura), dentre outros.
Desde a segunda-feira passada, a comitiva esteve com investidores e operadores financeiros do Council of the Americas, Bank of America Merryll Linch, Banco UBS, Goldman Sachs, Itaú Unibanco e Credit Suisse, além de conversar com editores do jornal “Financial Times” e de falar no evento “Brasil de Ideias” da revista “Voto”. Também dialogou com executivos de empresas como a Pirelli – que há uma semana anunciou o seu plano de encerramento de uma fábrica em Gravataí.
Ao longo desses seis dias de giro internacional, a pauta foi repetida quase à exaustão: o potencial do Rio Grande do Sul como um Estado que oferece condições atrativas para investidores externos. E nessa estratégia de convencimento, foram salientados os programas de privatizações, concessões e parcerias com o setor privado.
Conforme o chefe do Executivo, o Rio Grande do Sul conta hoje com “uma agenda enfrentamento da crise fiscal” e tem “a necessidade de se modernizar na busca do equilíbrio entre receita e despesa, trabalhando com uma lógica de privatizações, de ajuste na estrutura de pessoal e previdência, com uma política de desenvolvimento capaz de gerar mais renda, riqueza e, consequentemente, mais receitas para o Estado”.
“Dentro dessa política de competitividade e ajuste das contas estão as privatizações e as concessões para o setor privado em setores como rodovias, hidrovias e aeroportos”, frisou. “Nesse sentido, apresentamos o Rio Grande do Sul para quem tem capacidade de investir e mostramos as oportunidades com uma carteira de projetos, não apenas de intenções. Estamos seguros que essa viagem trará resultados positivos.”
Ainda segundo Eduardo Leite, “assim que esses projetos foram levados à execução vamos atrair investimentos e fazer o RS crescer, estimulando nossa economia e melhorando a qualidade de vida das pessoas”. Ele desembarca no Brasil neste domingo e retoma as atividades em Porto Alegre nesta segunda-feira, com uma agenda extensa de compromissos ao longo do dia.
Pirelli
No último dia de viagem, Leite palestrou no evento “Brazil Forum UK 2019” (realizado na London School of Economics por estudantes brasileiros que residem no Reino Unido) e se reuniu com executivos da multinacional italiana Pirelli. O encontro teve como objetivo sondar a possibilidade de a empresa reverter a decisão de fechar sua unidade de produção de pneus de motocicletas em Gravataí, anunciada na segunda-feira passada.
Os representantes da Pirelli, no entanto, explicaram que a decisão não envolveu qualquer questão de incentivos ou de governo, mas, exclusivamente, de mudança estratégica global: a empresa optou por transferir as operações para Campinas (SP), onde já há uma unidade maior de produção.
“Tentamos identificar todas alternativas possíveis, porém fomos informados de que a decisão não envolve o Estado, trata-se apenas de uma questão de estratégia empresarial”, relatou o governador. A unidade representa cerca de um terço do complexo de produção em Gravataí e emprega quase mil pessoas. Já a produção de pneus para caminhões e máquinas agrícolas), com 1,6 mil trabalhadores, será mantida.
A fim de tentar reverter ou amenizar o impacto socioeconômico da decisão (que deverá ser gradual ao longo dos próximos dois anos), Leite disse que o Estado vai trabalhar para identificar o que é possível fazer, a partir das instalações que serão mantidas e dos recursos humanos que ficarão disponíveis no mercado.
Em breve, a empresa deverá começar a procurar os sindicatos ligados aos funcionários da unidade para iniciar tratativas a respeito do assunto. Como parte do maquinário vai ser transferido para Campinas, é possível que trabalhadores sejam convidados a seguir na empresa, porém atuando na unidade do interior paulista.
(Marcello Campos)