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Delator acusa diretor da Eletrobras de pedir propina na Angra 3, diz revista

Dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa (E). (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Folhapress)

O dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, afirmou ter pago propina ao PT em troca de benefícios no contrato assinado com a Eletrobras para a construção da usina Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), segundo a edição da revista “Veja” que começou a circular neste sábado (11).

Pessoa firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público em troca de penas mais leves.

Segundo a revista, em um de seus depoimentos o empreiteiro disse que o pedido de suborno foi feito no fim de 2014 pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril em Curitiba, e pelo diretor da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal, ligado à presidente Dilma Rousseff.

A construção da usina está a cargo de dois consórcios, entre eles o Una 3, formado pelas empresas UTC, Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

As quatro empreiteiras são investigadas na Operação Lava-Jato por suspeita de participação no esquema de corrupção da Petrobras. O custo previsto de Angra 3 é de 3,2 bilhões de reais.

Ainda segundo a revista “Veja”, o acerto sobre o pagamento ocorreu durante a negociação para o fechamento do contrato. A Eletrobras teria pedido um abatimento de 10% do valor cobrado pelo consórcio. O Una 3, entretanto, teria aceitado uma redução de 6% no valor.

Segundo o relato de Pessoa obtido pela revista, Cardeal avisou às empreiteiras que a diferença entre o abatimento pedido pela Eletrobras e o desconto aceito pelo consórcio deveria ser revertido em doações eleitorais para o PT.

O dono da UTC contou aos investigadores, segundo a revista, que aceitou a proposta e contribuiu com o caixa petista. Pessoa teria dito também que, de acordo com um diretor da UTC, Walmir Pinheiro, foi Cardeal quem relatou a Vaccari os detalhes da negociação com a Eletrobras.

Procurado, Valter Cardeal se disse “indignado” com a acusação e adiantou que vai processar o dono da UTC e qualquer outra pessoa que levante suspeitas sobre suas práticas como diretor da Eletrobras.

A Odebrecht disse que “nunca participou de oferecimento ou pagamento de propina em contratos com qualquer cliente público ou privado” e por isso não reconhece as afirmações de Ricardo Pessoa como verdadeiras.

A Andrade Gutierrez enviou a mesma afirmação, acrescentando que também nunca integrou cartéis, esquemas de fraudes em licitações, de favorecimento a políticos ou pagamentos indevidos.

A construtora afirma ainda que vem sendo consultada sobre informações contidas em documentos a que não teve acesso, sobre os quais não vai se pronunciar.

Já a Camargo Corrêa disse que eventuais questionamentos e pedidos de explicação cabem ao consórcio Una 3, liderado pela UTC.

A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Pessoa. O advogado de Vaccari, Luiz Flávio D’Urso, não se manifestou. (Folhapress)

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