Ícone do site Jornal O Sul

Delator diz que gastou 2 milhões de reais com viagens de José Dirceu

Os repasses a Dirceu somaram 4 milhões de reais e foram realizados de modo informal. (Foto: J. F. Diorio/AE)

Delator da Operação Lava-Jato, o lobista Julio Camargo afirmou que bancou gastos de 2 milhões de reais do ex-ministro José Dirceu com voos em jatinho pelo País. Os custos dos voos, disse o delator, eram abatidos de uma soma de propina que o ex-ministro recebia com origem na Petrobras.

Dirceu virou réu em ação ligada à Lava-Jato nessa terça-feira, assim como Camargo. Os depoimentos prestados pelo delator ajudaram a embasar a denúncia.

Os repasses a Dirceu, ainda de acordo com Camargo, somaram 4 milhões de reais e foram realizados de modo informal – por isso não foram apresentados documentos bancários relacionados. O delator disse que o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, autorizava os pagamentos. “O custo dos voos em tais aeronaves, cerca de 2 milhões de reais, foram deduzidos dos valores que Dirceu tinha para receber da empresa Apolo [fornecedora de tubos] e dos 4 milhões de reais”, disse o lobista em depoimento.

Camargo acrescentou que costumava anotar os voos realizados por Dirceu para depois cobrar os custos de viagem. Ele entregou uma planilha com dados de viagens feitas de 2010 a 2011. Entre os destinos, estão aeroportos em Estados como Minas, Paraná e Bahia.

A aquisição de um dos dois aviões usados por Dirceu foi mencionada na denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-ministro. Segundo a acusação, um terço de um jato Cessna foi adquirido por Camargo e pelo lobista Milton Pascowitch em favor de Dirceu. No depoimento de Camargo, ele disse que a outra parcela do Cessna pertencia a Naim Beydoun, um amigo de Dirceu.

O relato do delator diz que fez pagamento ao irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo, e a uma empresa indicada por ele. O depoimento foi anexado ao processo em que Dirceu é réu. Na terça-feira, o criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro, disse que apresentaria a defesa em dez dias. (Folhapress)

Sair da versão mobile