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Delatores emprestam novas versões a episódios da política nacional

(Foto: Ag. Câmara)

Quando foi interrompido em rede nacional por William Bonner no último debate do primeiro turno de 2014, Aécio Neves (PSDB) esboçou um sorriso amarelo, algo constrangido. Era sua vez de responder, e Pastor Everaldo (PSC), que fizera a pergunta, havia ignorado as regras do encontro e levantado a bola para uma cortada do tucano.

Apesar do tema “Previdência”, o candidato nanico decidiu atacar o PAC –vitrine de Dilma Rousseff (PT)– e pediu que Aécio comentasse se o programa era do “atraso do crescimento” ou da “aceleração da corrupção”. Com a advertência do apresentador global, o pastor gaguejou e se corrigiu. “Senador, o que você tem a me dizer sobre a Previdência?”, perguntou, pouco criativo.

Depois de encerrado o debate, Everaldo foi bater à porta do camarim tucano. A dupla passou dez minutos trancada. Ao final, o pastor saiu apressado pelos corredores da TV Globo, sem comentar. A equipe de Aécio disse que o “rival” só foi parabenizá-lo pelo desempenho.

Dois anos e seis meses depois, Fernando Reis, ex-executivo da Odebrecht, revelou em sua delação premiada o que pode ter sido o motivo da confusão deliberada do candidato do PSC: a empresa havia pedido a ele que ajudasse Aécio nos debates, em troca de doação de R$ 6 milhões. Em mais uma dobradinha, ele e Aécio negaram a versão apresentada pelo delator.

O caso do debate é apenas um dos episódios antigos da política brasileira que ganharam nova cor –e novas explicações– com as centenas de depoimentos de ex-diretores da Odebrecht que viraram colaboradores da Lava-Jato. (Folhapress)

 

 

 

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