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Deltan usou fama com Lava Jato para lucrar, aponta investigação do Intercept e da Folha

(Foto: Pedro de Oliveira/ALEP)

Segundo novas mensagens do The Intercept Brasil, o procurador da república Deltan Dallagnol, planejou eventos e palestras para lucrar com a fama da investigação da Operação Lava Jato. Em junho do ano passado, o coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba tentou convencer Janot a participar de um evento em São Paulo. “Fazia quase seis meses que eles não se falavam pelo Telegram, segundo o histórico de mensagens”, contextualiza a reportagem.

Depois de falar sobre o evento, Dallagnol enviou uma mensagem de texto, mostrando intimidade com o ex-chefe da PGR: “Tava aqui gerenciando msgs e vi que fui direto ao ponto kkkk Tudo bem com Vc? Espero que esteja aproveitando bastante, tomando muita água de coco e dormindo o sono dos justos rs Agora, vou te dizer, Vc faz uma faaaaaaaltaaaaa”. Os dois cogitaram uma estratégia para criar um instituto e obter elevados cachês, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Também debateram firmar parcerias com uma firma organizadora de formaturas e outras duas empresas de eventos.

Dallagnol mostrou grande interesse quanto ao valor de cada palestra. Cerca de três meses antes de iniciar o grupo para discutir a abertura da empresa, o procurador informou a esposa sobre a lucratividade das palestras apurada até setembro de 2018. “As palestras e aulas já tabeladas neste ano estão dando líquido 232k [R$ 232 mil]. Ótimo… 23 aulas/palestras. Dá uma média de 10k [R$ 10 mil] limpo”, escreveu.

Em uma troca de mensagens, contudo, Dallagnol discutiu com outro procurador da operação, Roberson Pozzobon, uma forma de tornar os negócios mais lucrativos. Em fevereiro de 2019, Deltan propôs que a empresa fosse aberta no nome das esposas deles e que a organização dos eventos ficasse a cargo de Fernanda Cunha, dona da firma Star Palestras e Eventos, para evitar problemas legais. O procurador sugeriu também estabelecer uma parceria com uma empresa de eventos e formaturas de um tio dele chamada Polyndia. “Antes de darmos passos para abrir empresa, teríamos que ter um plano de negócios e ter claras as expectativas em relação a cada um. Para ter plano de negócios, seria bom ver os últimos eventos e preço”, afirmou Deltan no chat, segundo a Folha de S.Paulo. Pozzobon respondeu: “Temos que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais barato ii) Menos gente, mais caro. E um formato não exclui o outro”.

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