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Demissão de ministro por telefone é indelicada, mas não inédita

Ainda em seu primeiro governo, em 2004, o ex-presidente Lula telefonou para o então ministro da Educação, Cristovam Buarque (foto), e o demitiu. (Foto: Banco de Dados/o Sul)

Pode ser impessoal, ou até indelicada, mas a demissão do ministro Arthur Chioro, por telefone, nessa terça-feira, não é inédita. Talvez Chioro tenha sido o ministro demitido em conversa mais rápida no governo PT, mas não foi o único a receber a má notícia ao som da voz do chefe pelo fio do telefone. Ainda em seu primeiro governo, em 2004, o ex-presidente Lula telefonou para o então ministro da Educação, Cristovam Buarque, e o demitiu.

Do outro lado do oceano
Além de ouvir a notícia do outro lado da linha, ele também a recebeu do outro lado do oceano Atlântico. O então ministro estava de férias em Portugal, de onde seguiria para a Índia, para encontrar a comitiva de Lula. Surpreso e chateado com a desconsideração, como afirmou estar na época, Cristovam deixou claro o descontentamento se recusando a acompanhar Lula na viagem já programada. Mais do que a demissão por telefone, o então ministro ficou magoado por descobrir que o sucessor, Tarso Genro, já havia sido convidado para ocupar seu cargo dois dias antes da demissão. Ele voltou para o Brasil sem o posto de ministro, mas não exatamente sem emprego, pois reassumiu o mandato de senador pelo Distrito Federal.

Demissão ao vivo
Se a dispensa por telefone pode deixar o demitido magoado, o que dizer de uma exoneração transmitida ao vivo pela televisão? Foi o que aconteceu com o antropólogo Luiz Eduardo Soares quando era coordenador e subsecretário de Segurança Pública do governo Anthony Garotinho no Rio de Janeiro. O episódio aconteceu no dia dia 17 de março de 2000. Garotinho estava sendo entrevistado ao vivo na primeira edição do RJ-TV, da Rede Globo, e demitiu Soares, em pleno programa, sem ter falado com o subsecretário anteriormente.

“Banda podre”
Poucos dias antes de sua demissão ao vivo, o antropólogo havia feito uma denúncia a respeito da chamada “banda podre”, que se infiltrara no alto escalão da polícia. Na ocasião, Soares entregou ao MP (Ministério Público) um dossiê de dez páginas, acusando a cúpula policial, incluindo o então chefe da Polícia Civil, Rafik Louzada, de envolvimento em uma série de crimes, como extorsão e receptação de carros roubados. (AG)

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