Os democratas dos Estados Unidos estão organizando o maior esforço de proteção do eleitorado que já fizeram em preparação para o que Joe Biden diz ser seu maior temor: a perspectiva de o presidente Donald Trump tentar interferir na eleição de 3 de novembro ou se recusar a aceitar seu resultado.
Entrevistas com mais de uma dúzia de autoridades partidárias revelam como os democratas, em coordenação com a campanha presidencial de Biden, estão se preparando para batalhas a respeito de votos à distância, possíveis recontagens e a possibilidade de os apoiadores republicanos de Trump tentarem intimidar eleitores nas seções eleitorais.
O Partido Democrata contratou diretores de proteção do eleitorado em 19 Estados cruciais para que estes realizem operações mais abrangentes do que em ciclos eleitorais anteriores, e apresentaram um número recorde de ações civis antes da eleição na tentativa de facilitar a votação.
Milhares de monitores eleitorais e advogados serão mobilizados em todo o país no dia da eleição, disseram as autoridades.
Republicanos dizem que, embora estejam fazendo preparativos de rotina para recontagens e irregularidades, estão mais concentrados em combater os esforços para ampliar o voto pelo correio.
Trump pôs em dúvida a legitimidade do voto pelo correio, que vem sendo muito mais usado nas eleições primárias devido à pandemia de coronavírus. Ele também fez alegações infundadas de que a votação será manipulada e se recusou a dizer se aceitaria os resultado da eleição se perdesse.
Uma pessoa informada pela campanha de Biden a respeito de sua estratégia disse que o ex-vice-presidente se prepara para uma “situação de pesadelo” na qual Trump lideraria a contagem de votos presenciais em Estados pêndulo na noite da votação, mas reclamaria que a disputa está sendo fraudada nos dias seguintes à medida que os votos pelo correio fossem contados.
Uma autoridade democrata em um Estado pêndulo, que pediu para não ser identificada, disse que a campanha está coordenando discretamente uma estratégia legal com funcionários estaduais da sigla para situações pós-eleição, como a recontagem da disputa de 2000 entre George W. Bush e Al Gore.
O gerente de campanha de Trump, Tim Murtaugh, disse que os democratas estão tentando minar a integridade da eleição com esforços que podem levar a fraudes.
Já os democratas dizem que sua maior preocupação é se protegerem do que esperam ser um esforço considerável de supressão de eleitores da parte dos republicanos.
Pesquisa
O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, tem 8 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente republicano, Donald Trump, entre os eleitores registrados, e parece ter uma dianteira considerável entre eleitores que estão indecisos, de acordo com uma pesquisa de opinião realizada pela Reuters/Ipsos.
Tanto a campanha de Biden quanto a de Trump vêm dedicando grande parte de seu tempo a cortejar este terceiro grupo de eleitores potencialmente influenciáveis, que poderiam levar uma eleição acirrada para qualquer um dos lados.
Uma sondagem da Reuters/Ipsos feita no verão local de 2016 mostrou um apoio dividido entre Trump e a então candidata democrata, Hillary Clinton, entre os eleitores registrados que não endossavam nenhum candidato de um grande partido. No dia da eleição, Trump conquistou uma maioria de eleitores que disseram ter decidido na última semana.
Neste ano, a pesquisa mostrou que 61% dos eleitores indecisos ou registrados que apoiam um terceiro partido disseram que apoiariam Biden se tivessem que escolher, enquanto 39% votariam em Trump.
Sessenta por cento dos eleitores indecisos ou registrados que apoiam um terceiro partido disseram que desaprovam o desempenho de Trump no cargo, o mesmo número disse achar que o país segue no rumo errado e 62% disseram acreditar que a economia dos EUA não está bem.
Este grupo também parece profundamente preocupado com o novo coronavírus, que já matou mais de 141 mil americanos e tirou o emprego de milhões devido ao fechamento das atividades comerciais e industriais na tentativa de conter a disseminação da doença.
Oito de cada 10 entrevistados disseram estar pessoalmente preocupados com a proliferação do vírus. Quando indagados sobre o fator mais importante por trás da decisão de votar, 34% disseram que procuram um candidato que tenha “um plano robusto para ajudar o país a se recuperar”.
Outros 24% disseram procurar alguém que consiga “restaurar a confiança no governo americano”, e 12% disseram querer um candidato que “defenda a saúde pública”.
