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Deputados de 7 partidos decidem ir ao Supremo contra redução da maioridade penal

Os deputados Alessandro Molon (C) e Raul Jungmann (E) anunciarem ação no Supremo contra aprovação pela Câmara de proposta de redução da maioridade penal (Foto: Nathalia Passarinho/G1)

Derrotados em plenário após manobra articulada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), parlamentares do PT e de outros seis partidos decidiram protocolar no início da próxima semana um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal). Eles querem que seja anulada a votação da proposta de emenda à Constituição que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos no caso de crimes contra vida.

Segundo o vice-líder do partido na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), a ação está sendo elaborada, e os petistas estão em conversas com outras legendas para obter adesões. “Vamos entrar com o mandado de segurança contra o presidente da Câmara pela violação frontal da Constituição Federal. Vamos questionar o procedimento que ele tem adotado de fazer quantas votações forem necessárias para aprovar as propostas que lhe interessam”, disse Molon.

Na madrugada desta quinta-feira, a Câmara aprovou uma emenda apresentada algumas horas antes que prevê a responsabilização criminal de jovens com 16 anos ou mais que cometerem homicídio doloso (quando há a intenção de matar), lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos, como estupro. A aprovação ocorreu um dia depois de o plenário derrotar uma proposta parecida, que também reduzia a maioridade penal para crimes graves. A diferença é que o texto aprovado exclui da redução da maioridade os delitos de roubo quaficado e tráfico de drogas.

A decisão de Cunha de colocar uma proposta semelhante em votação um dia após ser derrotado em plenário provocou tensão no plenário. Parlamentares do PT, PCdoB e PSOL o acusaram de cometer um “golpe”. “A atitude do presidente viola a democracia e a Constituição. Temos que questionar. É absolutamente certo que recorreremos ao Supremo”, afirmou Molon.

Após tratativas com parlamentares de outras legendas, Molon anunciou que deputados de sete partidos decidiram assinar o mandado de segurança (PMDB, PSB, PSOL, PT, PCdoB, PSB e PPS). Do PMDB, quem participa do movimento contrário à votação comandada por Eduardo Cunha é o deputado Darcísio Perondi (RS). “A posição do grupo é frontalmente contra a redução da maioridade penal. Acreditamos que a solução é aumentar o tempo de internação no Estatuto da Criança e do Adolescente”, sustentou Perondi.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) disse que vai aderir à iniciativa da bancada do PT e acusou Cunha de agir de forma “ditatorial”. “Esse processo de decisão não é democrático. É ditatorial e absolutista.”

“O PSOL vai aderir à iniciativa. Entendemos que houve violação da Constituição e do regimento interno. A gente não pode deixar isso virar norma. Há uma aceleração que é um atropelo, uma redução da cota de democracia”, argumentou o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ).

Sobre a intenção dos partidos de entrar com recurso no STF, Cunha disse que os petistas têm o “hábito de querer judicializar” quando perdem e só “reclamam quando [a aprovação] vai [contra] na pauta ideológica deles”. (AG)

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