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Deputados dizem que “não há clima” para votar projeto que acumula aposentadoria com salário

Os deputados mantiveram as alterações do Senado ao projeto, que agora segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

Parlamentares avaliam que “não há clima” para a aprovação do projeto que permite que um deputado possa acumular o salário e a aposentadoria, neste momento em que a Câmara resiste a medidas de controle de gastos apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Atualmente, um deputado federal no exercício do mandato não pode receber aposentadoria da previdência parlamentar, a menos que abra mão do salário. E é justamente essa regra que a proposta pretende revogar.

O texto foi apresentado pela Mesa Diretora da Câmara no dia 10 de junho, dois dias após Haddad se reunir com a cúpula do Congresso e apresentar medidas alternativas ao aumento do IOF.

Internamente, vários parlamentares avaliam que o momento da apresentação da proposta foi ruim e que, se aprovada, a medida tem um potencial muito impopular.

“Chance de avançar sempre tem. Espero que segurem por ‘rubor na face’ e não por não ser a hora”, disse um líder, sob reserva.

Coordenador do grupo de trabalho que vai discutir a reforma administrativa, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) também defende que a Câmara não analise a proposta. “Acredito que não devemos avançar para darmos o exemplo”, diz.

A proposta também foi criticada pelo líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), o que incomodou aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Eles lembram que a proposta foi assinada também por um petista, o primeiro secretário da Mesa, Carlos Veras (PT-PE).

Veras negou que tenha havido um freio na proposta por conta da repercussão negativa. Segundo o deputado, o projeto vai seguir o rito normal, passando pelas comissões.

“Não há pressa alguma para a votação”, disse. “Nós sabíamos que a proposta seria polêmica, mas havia uma demanda dos parlamentares aposentados”, acrescentou.

O primeiro secretário estima que o impacto com a medida é baixo, de R$ 100 mil por mês e que a Câmara terá que administrar o Orçamento que já tem.

“Não é nada fora do comum”, afirmou. “A Mesa precisava apresentar para que a discussão fosse feita”, acrescentou.
Ainda segundo Veras, é possível mudar o texto e ele mesmo não necessariamente será a favor da proposta: vai seguir a orientação do PT. Até o momento, o projeto aguarda movimentação do presidente da Câmara.

Em contrapartida, o Congresso derrubou na terça-feira (17) parte dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um projeto cujo objetivo inicial era o de estimular a geração de energia eólica gerada em alto-mar, com maior capacidade devido à força do vento. Os chamados “jabutis”, artigos que não correspondem ao tema original do texto, foram acrescentados pelos parlamentares durante a tramitação.

Os vetos derrubados obrigam a contratação de usinas geradoras de energia, o que será pago por todos os brasileiros por meio das contas de luz.

Os trechos da proposta retomados na lei por deputados e senadores, que agora passam a valer, podem provocar aumento de 3% na conta de luz para os consumidores. Esta estimativa, com cálculos da consultoria de energia PSR, foi feita por entidades do setor elétrico, como a Frente Nacional dos Consumidores de Energia e a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace Energia)

Elas explicam que os pontos validados pelo parlamento podem causar impacto total de R$ 197 bilhões- R$ 7,5 bilhões ao ano até 2050. Ainda restam outros trechos desta lei para serem apreciados. Portanto, esse ônus para o consumidor pode aumentar.

 

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