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Deputados do chamado “Centrão” já abandonando a campanha do presidenciável Geraldo Alckmin para apoiar Bolsonaro

Candidato tucano é considerado "carta fora do baralho". (Foto: Agência Brasil)

Apesar de os caciques dos partidos que integram o chamado “Centrão” (DEM, PP, PR, PRB e SD) estarem mantendo apoio oficial a Geraldo Alckmin, o candidato tucana à Presidência da República, nos Estados já começou a debandada de deputados do bloco. Vários deles agora aderiram à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

A constatação do grupo é que o ex-governador paulista, sem ter reagido nas pesquisas de intenção de voto, praticamente não tem mais condições de chegar à etapa final da corrida presidencial. O alerta já chegou à campanha do PSDB.

Até mesmo alguns deputados tucanos já evitam pedir votos a Alckmin e iniciam associação de imagem ao nome de Bolsonaro. Isso tem acontecido em praticamente todos os estados onde o ex-militar lidera as pesquisas de intenções de voto.

Integrantes da campanha de Bolsonaro já são recebidos em vários locais por deputados de partidos do “Centrão”, como o PP, PR e SD, entre outros. Alckmin contava com essa estrutura pulverizada dos partidos do “Centrão” para fazer uma campanha capilarizada nos Estados mas, segundo fontes ligadas ao PSL, parlamentares mudaram de lado de forma pragmática porque a sua imagem facilita a busca de votos para os que tentam a reeleição.

A partir de agora, a campanha de Bolsonaro vai tentar diminuir a rejeição em ações específicas na região Nordeste do país e no eleitorado feminino, onde há a maior resistência ao candidato do PSL.

“Fatura”

Há também setores do “Centrão” que já discutem a “fatura” que vão cobrar para apoiar Bolsonaro ou Fernando Haddad (PT) no segundo turno. Segundo fontes ligadas ao bloco fisiológico de partidos, a ordem é que lideranças do grupo não deixem Alckmin isolado até o primeiro turno da campanha, que ocorre no dia 7 de outubro.

Mas já há tratativas nos bastidores para tentar fechar apoio para um dos candidatos. A “fatura” será o espaço que cada um dos presidenciáveis vai oferecer aos partidos do bloco no governo, caso seja eleito.

“Não acredito que ninguém vá abandonar a campanha do Alckmin, mas certamente o centrão já está se reunindo para juntos marchar para uma candidatura no segundo turno”, disse essa fonte. “Vamos negociar juntos e ver que posição vamos solicitar”, acrescentou.

A intenção de negociação em bloco é para aumentar o cacife do centrão com qualquer que seja o presidenciável, ainda mais tendo em vista que o eleito vai precisar de apoio no Congresso Nacional para tentar aprovar sua respectiva agenda de reformas no início do governo.

Tanto Bolsonaro quanto Haddad disporiam, no momento, de fraca base parlamentar a julgar pelas coligações feitas na campanha.

No segundo turno, o tempo de horário eleitoral dos candidatos no rádio e na TV é igual e o eventual apoio de novos partidos, ao contrário da primeira etapa de votação, não tem qualquer interferência nisso. O aval a um determinado presidenciável é mais uma demonstração de força política.

Qualquer que seja o eleito, o bloco quer manter ao menos os espaços que possui no governo Michel Temer, disse a fonte. Por exemplo, o PP comanda atualmente os ministérios da Saúde e da Agricultura, além da presidência da Caixa, e o PR controla a pasta dos Transportes.

O grupo deverá tomar uma decisão em conjunto (assim como ocorreu quando fecharam com Alckmin), mas há a possibilidade real de racha do grupo. Isso porque o DEM (tradicional crítico do PT) não deve referendar um apoio à candidatura de Haddad, mesmo diante de uma eventual posição dos demais integrantes do bloco nesse sentido.

O presidente licenciado do partido de Bolsonaro, Luciano Bivar, admitiu mais cedo à Reuters que há conversas entre integrantes da campanha do candidato do PSL com lideranças de partidos que atualmente estão coligados com Alckmin a fim buscar um apoio à candidatura do militar da reserva para uma disputa de segundo turno, mas não quis dar detalhes das tratativas.

O coordenador da campanha de Bolsonaro em São Paulo, deputado Major Olimpio, disse não acreditar que a presença em cargos faça parte das negociações em torno de apoio de partidos a Bolsonaro no segundo turno.

“Se depender de fatura, não estará com o Bolsonaro. Ele jamais entraria no toma lá, dá cá”, destacou Olimpio, ao ressalvar que esse questionamento tem de ser feito ao próprio presidenciável, que está hospitalizado há mais de duas semanas para se recuperar de um atentado a faca durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG).

 

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