Não é só o vírus zika que pode trazer complicações para o bebê se a mãe for infectada durante a gravidez. Outras doenças podem provocar problemas na formação do feto, sobretudo se adquiridas pela mulher nos três primeiros meses de gestação.
Rubéola, toxoplasmose, sífilis e infecções causadas pelo citomegalovírus são as principais causas conhecidas de más-formações fetais – entre elas a microcefalia, quando o bebê nasce com o diâmetro da cabeça igual ou inferior a 32 centímetros. A rigor, no entanto, muitas infecções consideradas banais, como a gripe, podem, ainda que raramente, acarretar problemas para o embrião. Sem falar em outras condições, como o uso de drogas e o consumo excessivo de álcool, ou mesmo a exposição à radiação. E há também as causas genéticas: alterações no cromossomo que podem provocar danos cerebrais.
Até a constatação da relação entre o zika e o nascimento de bebês com microcefalia, o grande temor das grávidas sempre foi a rubéola. A infecção durante a gravidez pode causar diferentes tipos de má-formação fetal. Problemas de audição, de visão, doenças ósseas, alterações cardíacas e microcefalia são algumas das complicações decorrentes da infecção na gestante.
Mas a vacina existe e está, inclusive, disponível no calendário regular de vacinação, o que vem fazendo diminuir a ocorrência da doença. O problema tende a se tornar cada vez mais raro.
O sarampo também era uma das doenças que causava problemas aos fetos, mas, agora, com a vacinação em massa da população, deixou de ser uma ameaça. Eventualmente, com a interrupção da vacinação por algum motivo, o risco pode retornar – daí a importância de se seguir à risca o calendário de vacinas, alertam os especialistas.
Uma infecção para a qual não há vacina e com a qual as grávidas devem tomar cuidados é a toxoplasmose. A doença é causada por um protozoário que pode estar presente nas fezes de felinos e também em carnes malpassadas. Em geral se trata de uma febre branda. Existe tratamento para a toxoplasmose e, se a doença for diagnosticada rapidamente, o risco de acarretar problemas para o feto diminui muito.
Outras infecções que podem causar problemas são aquelas causadas por citomegalovírus. Embora a infecção em si não seja grave, em geral apenas uma febre branda, as consequências para o feto podem ser sérias, sobretudo porque não há tratamento para a doença. No feto em formação essas infecções podem causar alterações no sangue, problemas de audição, microcefalia.
A sífilis é um outro problema para o qual as grávidas devem estar alertas. A doença, causada por uma bactéria, é sexualmente transmissível. Antigamente, quando não havia penicilina, representava um grande problema de saúde. Hoje, continua sendo considerada uma doença grave, porém tratável. No entanto, se acometer grávidas, pode trazer complicações de formação fetal, sobretudo anomalias ósseas.
De acordo com os médicos, cada uma dessas doenças ou condições que podem acometer as grávidas promovem alterações de formação relativamente similares. Mas há particularidades dependendo de cada caso. Por exemplo, a rubéola é a única a provocar complicações cardíacas, enquanto que no caso da toxoplasmose, as complicações costumam ser mais oculares. A má-formação do crânio pode ocorrer em decorrência de todas elas.
Um fator que conta muito para a extensão da lesão, no entanto, é o momento em que a gestante contrai a doença. Os especialistas concordam que o período mais crítico da gestação é o primeiro trimestre. Os primeiros três meses da gravidez equivalem ao período em que os principais órgãos e sistemas do embrião estão se formando e qualquer agente externo pode ter um impacto grave neste processo.