A severidade da recessão levou a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) a rever, na semana passada, a sua projeção de consumo de energia elétrica em 2015 para uma queda de 1,6% neste ano em relação a 2014. A projeção anterior da EPE era de um recuo de 0,5%. O quadro é ainda mais grave. O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp, prevê redução de cerca de 1,8% no consumo em 2015.
Por isso, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou na última quarta-feira que o governo decidiu desligar 21 usinas termoelétricas, atendendo a uma recomendação do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico). Como a energia gerada pelas térmicas é bem mais cara do que a proveniente das hidrelétricas, a medida deve proporcionar uma economia de 5,5 bilhões de reais até o fim do ano. Para o CMSE, o risco de déficit de energia nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, mais afetadas pela seca, é praticamente zero.
Como fundamento da decisão, Braga citou, além da queda do consumo, o regime de chuvas no Centro-Sul e o recorde de geração de energia eólica no Nordeste. O governo está confiante de que, até novembro, o nível dos reservatórios das hidrelétricas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste ficará em torno de 30%, nível considerado satisfatório, levando em conta também a energia gerada de outras fontes.
O que se constata é que, com a política anterior de manter todas as usinas térmicas em operação, foi possível poupar energia das hidrelétricas. O nível dos reservatórios dessas usinas, que estava em 33,5% em abril, subiu para 37,5% em julho. Cuidadoso, o governo ainda manterá em operação usinas térmicas, que fornecem 10 mil MW médios, desligando apenas as mais onerosas.
Nada muda, porém, para o consumidor, que tem arcado com os sucessivos aumentos das contas de luz. O ministro evitou fazer previsão sobre a troca da bandeira vermelha nas contas de luz, que acarreta um custo adicional de 5,50 reais para cada 100 kWh de consumo, pela amarela (acréscimo de 2,50 reais por 100 kWh). Isso vai depender da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que só examinará o efeito da medida no momento de fazer o cálculo do reajuste anual das tarifas cobradas pelas distribuidoras.
De qualquer modo, ao reduzir o custo da energia para as distribuidoras, a medida contribui para resolver seus problemas financeiros. (AE)