A diplomacia climática global vive um momento de renovação. Em um mundo impactado por eventos climáticos extremos, crises energéticas, guerras e tensões geopolíticas, a busca por acordos multilaterais capazes de garantir um futuro sustentável se tornou urgente. Nesse contexto, a realização da COP30 em Belém do Pará, em novembro de 2025, representa mais que um encontro internacional: é um símbolo da necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento, justiça climática e preservação ambiental.
Desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, as Conferências das Partes (COPs) da ONU sobre mudanças climáticas têm enfrentado o desafio de transformar promessas em ações concretas. A COP30 será especialmente estratégica, pois marca o início de um novo ciclo de compromissos nacionais de redução de emissões (as chamadas NDCs) e trará os resultados do segundo Global Stocktake – o balanço coletivo do que foi (ou não) feito até agora.
Mas além dos números e metas, a COP30 reforça um movimento diplomático mais profundo: a crescente demanda por uma transição justa, que reconheça a desigualdade histórica entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. A escolha da Amazônia como sede é, por si só, um recado político. Ela reposiciona o Sul Global no centro das negociações e exige uma escuta mais atenta por parte das grandes potências.
A diplomacia climática, que antes era dominada por ministérios de meio ambiente, passou a ser pauta estratégica de chefes de Estado, chancelarias e organismos econômicos. O clima não é mais um tema lateral – está no cerne da política externa contemporânea. E isso se evidencia no aumento da participação de líderes globais nas COPs, nas novas alianças verdes entre blocos regionais e na integração entre política climática e acordos comerciais.
No entanto, o caminho é repleto de tensões. Ainda há profundas divergências entre países que demandam mais ambição climática e aqueles que resistem à descarbonização acelerada, seja por razões econômicas ou geopolíticas. Além disso, temas como o financiamento climático, a operacionalização do fundo de perdas e danos e a regulamentação do mercado global de carbono seguem como obstáculos técnicos e políticos.
É justamente nesse cenário que a COP30 poderá deixar um legado significativo. Espera-se que o Brasil, como país anfitrião, exerça papel de mediador e construtor de pontes, reforçando sua imagem de liderança ambiental. Ao sediar o evento na Amazônia, o Brasil se compromete a dar visibilidade às soluções vindas de povos indígenas, comunidades tradicionais e juventudes periféricas – atores que historicamente foram excluídos das decisões globais.
A diplomacia climática precisa, agora, ser mais inclusiva, mais transparente e orientada por resultados. Isso significa garantir que os acordos firmados em Belém não fiquem apenas no papel, mas gerem impactos reais na vida das pessoas e nos ecossistemas.
Ao reunir mais de 190 países em solo amazônico, a COP30 será mais que uma conferência – será uma oportunidade para reposicionar o mundo em direção a uma nova era de cooperação internacional baseada na preservação do planeta. E talvez, olhando para trás, vejamos este evento como um marco da virada: o momento em que a diplomacia do clima deixou de ser retórica e passou a ser ação.