A atriz, escritora e cronista esportiva Maitê Proença, 57 anos, curte um período em Nova York. Em seu autoexílio, fala sobre o que a levou a se refugiar por um tempo na cidade americana, de onde só volta em outubro, antes do frio nova-iorquino.
“Depois de uma temporada entre monjas vietnamitas no Sul da França, percebi que precisava continuar em silêncio. Vim para estudar, estou matriculada na NYU [Universidade de Nova York], em cursos ligados a História e Arte, e outro de técnica de roteiros para séries de TV [na volta, começo a escrever para um canal a cabo]. Meus professores são todos excepcionais, nunca tive tão bons! Até o roteiro, que pensei que ia embromar, é de uma objetividade… Se o aluno tiver ideias e história para contar, não tem jeito de não aprender a fazer a coisa. O cara [professor] escreve, ou já escreveu, para tudo quanto é série dessas que a gente conhece – muito fera.
Mas, principalmente, vim para flanar, e observar sem ser observada. Em Nova York, se a gente evita as avenidas manjadas, dá para andar, sentar nos parques, ler e olhar sem encontrar brazucas. É um ‘reset’, preciso ficar incógnita para me limpar e me preencher com algo novo.
Muito impressionada com a gentileza das pessoas, com a disponibilidade para ajudar, com a precisão dos serviços, a eficiência rápida das soluções que todos têm para oferecer, ninguém responde o que não sabe, e todos sabem o que estão fazendo. Quanto à gentileza, acho que tem a ver com o tempo que sobra, por conta da eficiência dos serviços e, sobretudo, pela segurança de que não se vai ser assaltado nem esfaqueado. É libertador.
Dica cultural: a exposição do Metropolitan ‘China Through the Looking Glass’. Imperdível, multimídia, transcultural! [Christian] Dior e Yves Saint Laurent usaram os caracteres chineses em suas estampas pela beleza estética, sem saber que os textos falavam de dor de barriga e náusea. Por aí vai…” (Ancelmo Gois/AG)