A cineasta brasileira Barbara Gomes Marques May, de 38 anos, continua sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) e, segundo informações do jornal norte-americano LA Times, só poderá deixar o centro de detenção se for deportada ao Brasil ou se obtiver uma decisão judicial favorável que permita sua permanência no país.
A prisão ocorreu em 16 de setembro, em Los Angeles, durante uma entrevista de rotina no processo de obtenção do green card, que Barbara realizava ao lado do marido, cidadão norte-americano. No final da entrevista, a brasileira foi surpreendida com uma ordem de detenção, motivada por um processo de deportação iniciado em 2019. À época, ela havia ultrapassado o prazo de permanência legal nos Estados Unidos com um visto de turista.
De acordo com o advogado Marcelo Gondim, responsável por sua defesa, Barbara não recebeu a notificação da audiência judicial que resultou na ordem de remoção, pois já havia se mudado de endereço. Apesar disso, o processo seguiu sem sua presença, e o governo emitiu a decisão de deportação.
Na semana passada, Barbara chegou a ser incluída em um voo de deportação para o Brasil, mas sua equipe jurídica conseguiu uma liminar para suspender temporariamente o procedimento. Desde então, ela foi transferida entre diferentes centros de detenção, passando por instalações na Califórnia, no Arizona e, por fim, na Louisiana, onde aguarda uma definição por parte do tribunal de imigração.
“Até que um juiz decida sobre o caso, o ICE não pode deportá-la. Mas também não há perspectiva de soltura. Na prática, só será liberada se for deportada ou se a Justiça encerrar o processo”, afirmou Gondim.
Segundo o advogado, Barbara tem direito ao benefício conhecido como “perdão automático”, previsto em casos de casamento com cidadão norte-americano. Além disso, já possui uma petição aprovada para a residência permanente, o que poderia permitir a regularização de sua situação migratória.
Enquanto o processo segue, familiares e amigos relatam preocupações com as condições em que ela está detida. Eles denunciam falta de alimentação adequada, ausência de assistência médica e restrições ao acesso a itens básicos. Para apoiar os custos jurídicos, uma campanha de arrecadação online já ultrapassou US$ 50 mil.
Parlamentares do Partido Democrata, incluindo a deputada Judy Chu, estão pressionando o ICE para que a lei seja cumprida e a deportação não ocorra de forma indevida. Até o momento, o Departamento de Segurança Interna dos EUA não se manifestou publicamente sobre o caso.
Barbara reside em Los Angeles desde 2018, onde dirigiu curtas-metragens exibidos em festivais. Seu primeiro longa-metragem estava em fase de produção no momento da prisão. (Com informações do jornal O Globo)