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Diretores da Penitenciária da Papuda em Brasília são afastados após revelação de que o ex-senador Luiz Estevão é o “dono do presídio”

Ex-senador jogou pendrive na privada. (Foto: EBC)

O governo do Distrito Federal afastou preventivamente o diretor do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Complexo Penitenciário da Papuda, José Mundim Junior, e o subsecretário do Sistema Penitenciário, Osmar Mendonça de Souza. A decisão foi tomada depois que a Polícia Civil encontrou pendrives e chocolates em cela da unidade ocupada pelo ex-senador cassado Luiz Estevão e pelo ex-ministro José Dirceu.

O dispositivo eletrônico e os doces estavam com o ex-senador. Estevão chegou a atirar um dos pendrives no vaso sanitário. Também foram apreendidas anotações do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), que está preso em uma cela vizinha.

A Polícia Civil apura se o ex-senador é o “dono do presídio”, como disse ontem o delegado Thiago Boeing durante entrevista para explicar os detalhes da Operação Bastilha. As investigações começaram há quatro meses após a revelação de que autoridades, como juízes e delegados, estavam sofrendo ameaças de presidiários. Também foram denunciadas regalias a políticos presos.

Segundo o delegado, Luiz Estevão fazia da biblioteca da prisão o seu escritório de trabalho. “Apreendemos quatro pilhas de documentos das empresas e diversas anotações”, contou. Não houve nenhuma acusação contra José Dirceu, que ocupa a mesma cela.

O espaço dividido pelos dois políticos tem sanitário e pia de louça, chuveiro, cortina, tapete, cerâmica e paredes pintadas. Em 2017, uma inspeção encontrou itens proibidos nas dependências utilizadas pelo ex-senador cassado, como chocolate, cafeteira elétrica, macarrão importado e cápsulas de café.

Chocolate, pendrive e financiamento

A Polícia Civil do Distrito Federal encontrou chocolates importados, anotações e pelo menos cinco pendrives na cela que abriga o ex-senador cassado Luiz Estevão (DF) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB). Um pendrive jogado em um vaso sanitário foi resgatado pelos policiais e passará por perícia.

O advogado de Geddel Vieira Lima disse que “estranha, mais uma vez, a defesa técnica não saber da operação antes da imprensa”. Já a defesa de Luiz Estevão alegou desconhecer as buscas, e não quis se pronunciar.

A ação foi realizada pela Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF e pela Promotoria de Execução Penal do Ministério Público do DF após denúncia de presos que os dois políticos estavam tendo regalias dentro da prisão.

Luiz Estevão também é acusado pelo MP do DF de financiar a reforma do bloco onde cumpre pena na Papuda. Três ex-gestores do complexo penitenciário também são listados no processo suspeitos de terem sido coniventes com o empreendimento.

Geddel está preso em Brasília desde setembro do ano passado. Ele é acusado de receber propina e de guardar cerca de R$ 51 milhões em um imóvel em Salvador. O ex-senador cumpre pena de 28 anos de prisão por sonegação fiscal, fraudes e desvios nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

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