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Dirigentes da CPI da Petrobras mandam empresa de espionagem investigar homem que delatou presidente da Câmara dos Deputados

A cúpula da CPI da estatal é formada em sua maioria por aliados de Eduardo Cunha. (Foto: André Dusek/AE)

A defesa do lobista Julio Camargo, delator da Lava-Jato que denunciou propina de 5 milhões de dólares ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o peemedebista e outros investigados agem com a “lógica da gangue”.

Segundo os advogados de Camargo, a CPI da Petrobras tem tomado “uma série de medidas para desmoralizar a investigação”. Para eles, “está em vigor a moral da gangue, que acredita por triunfar pela vingança, intimidação e corrupção”.

“Eventuais contradições de Julio Camargo advêm de seu justificado temor em relação ao deputado federal Eduardo Cunha, que atualmente ocupa a presidência do Poder Legislativo Federal”, disse o documento com as alegações finais do lobista à Justiça.

A cúpula da CPI da estatal, formada em sua maioria por aliados de Cunha, solicitou à empresa de espionagem Kroll que dê prioridade às investigações sobre o lobista. A intenção, segundo integrantes da comissão, é apontar contradições na delação premiada. O presidente da Câmara disse que não faria comentários sobre a CPI. Ele nega a acusação feita pelo lobista.

Navios-sonda

Em 16 de julho deste ano o lobista declarou à Justiça Federal que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe disse que estava sendo pressionado por Eduardo Cunha para pagamento de propina. Os valores da propina teriam saído de compras de navios-sonda.

Segundo relato de Julio Camargo, o peemedebista exigia 5 milhões de dólares. “Ninguém desconhece as críticas que Camargo vem recebendo diariamente por ter colaborado com o MPF [Ministério Público Federal], especialmente após ter revelado que foi vítima de coação por um parlamentar que descaradamente lhe exigiu US$ 5 milhões”, dizem os advogados de Camargo. “Astuciosamente afirmam que a versão de Julio Camargo é mentirosa, teria sido engendrada pelo procurador-geral da República [Rodrigo Janot] para prejudicar o parlamentar envolvido nos fatos, nada mais falso: o escândalo e falsidade não estão nas palavras de Camargo, mas na corrupção daqueles que juraram proteger a coisa pública.” (AE)

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