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Dívidas de prestadores da Petrobras com fornecedores aumentam 1.400%

Epifânio é investigado pelo recebimento de propina na contratação de dois navios-sonda para a Petrobras (Foto: Leo Correa/AP)

A indefinição sobre o plano de investimento da Petrobras e a crise financeira das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato geraram, em um intervalo de quatro meses, uma explosão da dívida de construtoras e estaleiros com seus fornecedores. Segundo levantamento do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a dívida das prestadoras de serviço da estatal com cerca de cem fornecedores atingiu, no fim de abril, 411,5 milhões de reais. O valor era de 27 milhões de reais em dezembro, um salto de 1.424% no período.

Os credores são fabricantes de equipamentos como tubulações, caldeiras, compressores e válvulas. Os devedores são construtoras, empresas de engenharia e estaleiros. Após fechar contratos com a Petrobras, as empresas encomendam lotes de produtos no mercado. Os passivos foram gerados nas principais obras da estatal, como as refinarias do Comperj, no Rio de Janeiro; e de Abreu e Lima, em Pernambuco; a fábrica de fertilizantes UFN3, em Mato Grosso do Sul; e obras e plataformas em construção de dois estaleiros em Rio Grande: um da Engevix e outro de consórcio entre Queiroz Galvão e Iesa.

Das 27 empresas impedidas de fazer novos contratos com a Petrobras por causa da Lava-Jato, 21 constam na lista de devedores da Abimaq. Dez desse grupo estão ou já deram entrada em pedidos de recuperação judicial. Entre as devedoras estão Alusa, Engevix, Fidens, Galvão, GDK, Iesa, Mendes Júnior, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, Setal, Schahin, Skanska, TKK e UTC. A dívida é a maior já verificada desde a criação do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq, em 2005. Do total,  258,9 milhões de reais referem-se a equipamentos entregues e não pagos e 152,6 milhões de reais de encomendas não entregues a pedido do comprador.

“É o pior momento da indústria de óleo e gás. Se nenhuma providência for tomada, perderemos todos os avanços conquistados na última década”, disse César Prata, diretor do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq. Segundo o diretor-executivo de uma fabricante paulista, algumas empresas tiveram que alugar galpões para estocar a mercadoria parada. Um executivo de uma fábrica carioca informou que só neste ano demitiu 1.400 funcionários e os 320 restantes trabalham em dias intercalados.  (Folhapress)

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