O dólar à vista exibiu desvalorização frente ao real nessa sexta-feira (6), em mais uma sessão em que o real se destacou entre as 33 moedas mais líquidas. A moeda norte-americana avançou globalmente, após a divulgação de dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos mais fortes do que o esperado.
Em boa parte do pregão, o dólar mostrou leve força frente ao real, mas na parte da tarde a moeda americana passou a recuar. Operadores não enxergaram algum gatilho para a dinâmica melhor no Brasil, mas apontaram que houve um movimento semelhante em outros mercados da região (com o dólar caindo frente aos pesos mexicano e argentino), o que poderia indicar algum trade de investidores globais envolvendo ativos da América Latina.
Encerrado o pregão dessa sexta, o dólar à vista registrou desvalorização de 0,28%, a R$ 5,56, no menor patamar desde 8 de outubro de 2024, quando encerrou a R$ 5,53. Na semana, a divisa acumulou depreciação de 2,60%, enquanto no ano passou a cair 9,87% frente ao real.
No começo da sessão, o dólar operou perto da estabilidade e assim se manteve mesmo após a divulgação do “payroll” (relatório do mercado de trabalho dos EUA) de maio. A dinâmica de dólar mais forte só veio a se consolidar após mais de uma hora da divulgação dos números de emprego.
Apesar da apreciação da moeda americana em boa parte do dia, o real esteve sempre no rol das divisas que menos depreciavam, o que operadores entendiam ser ainda efeito do diferencial de juros que afastou os investidores de posições compradas em dólar contra o real. No turno da tarde, a dinâmica se reverteu e o dólar passou a cair frente ao real, que se tornou a melhor entre as 33 moedas mais líquidas.
O estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, diz que, apesar dos ruídos fiscais terem gerado volatilidade e pressionado o câmbio recentemente, o cenário externo continua favorável ao real e a perspectiva das eleições no Brasil já começa a conter uma piora na percepção de risco fiscal.
“Historicamente, o ambiente global exerce maior peso na variação do câmbio. Estamos vendo isso acontecer nessas últimas semanas porque, apesar da questão do IOF, que trouxe volatilidade para o câmbio, temos visto o real se fortalecendo, em linha com outras moedas emergentes”, afirma. “Isso claramente é reflexo do dólar que está enfraquecendo no mercado internacional, porque aqui a questão fiscal continua preocupante.”
As pesquisas recentes indicando queda na popularidade e dificuldade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reeleger em 2026 podem estar servindo como um amortecedor na percepção de risco local, avalia Rostagno. “O mercado tem uma esperança de que possa haver uma mudança de governo e, consequentemente, de política econômica, com uma postura mais responsável em relação às contas públicas. Isso tem ajudado a conter o impacto no câmbio das ‘lambanças’ que vimos nos últimos tempos, como essa do IOF”, afirma.
Olhando mais para a dinâmica do dólar, a Azimut Brasil Wealth Management diz, em relatório mensal, que a trajetória futura da moeda americana dependerá da capacidade dos Estados Unidos de reconquistar a confiança dos investidores por meio de políticas econômicas e fiscais mais previsíveis. “A evolução das negociações comerciais e a resposta do Federal Reserve (Fed) às condições econômicas serão determinantes importantes para o comportamento da moeda nos próximos meses.” (Com informações do Valor Econômico)